BeReshit - O livro de Gênesis - O início da Jornada de nossas almas pelas realidades
No último ensaio abordei superficialmente o fenômeno das realidades, me preocupando apenas por descrever a “parábola” do “Funcionamento” das “realidades” e devemos nos acostumar que todas as realidades são meramente “virtuais” e repousam totalmente na mesma “mente” que a nossa. Não devemos focar nas imagens físicas, pois em absoluto tudo isso se desenrola em um campo onde não existem espaço e tempo e com isso não existem formas. O campo é puramente espiritual ou mental.
Vejam que na percepção da realidade em nosso interior, em cosonância com o que acontece ilusóriamente em nosso “exterior”, a nossa mente não “ve” imediatamente a realidade . Quando olhamos em torno, as nossa inferências (Visão audição, tato, olfato, paladar) não estamos percebendo diretamente, mas sim o resultado da comparação destas informações com as nossas memórias. Desta forma estamos vendo algo que é uma espécie de “sonho”. O desenrolar de um pensamento de um quadro, onde tudo já está reconhecido. A neurociência hoje em dia, já descobriu isso, inclusive que existe um sincronismo ilusório dos tempos das diversas inferências, pelas suas diversas respostas de tempo de cognição, por exemplo a visão é percebida em um tempo diferente da audição, mas mesmo assim são sincronizadas como se acontecessem exatamente no mesmo tempo. Muitas pesquisas foram feitas em torno disso e descobriram que nossas mentes se adaptam temporalmente para a sincronização da percepção destes eventos.
Desta forma, nem tudo que estamos percebendo naquele momento, faz parte do cenário que está em torno de nós, por exemplo; Estou tomando café de manhã em uma mesa e pergunto pelo açucareiro e alguém responde: Está na sua frente, está ficando cego ?
O que aconteceu é muito simples. Na imagem formada nas nossas mentes, não está o açucareiro e desta forma não o percebemos, mas ele está lá e quando tomamos conhecimento de sua presença a nossa imágem interior é completada. Isso demonstra o fato de que não vemos o mundo em tempo real, mas temos as inferências e montamos um quadro interior que é a nossa realidade daquele momento. Isso foi pesquisado há pouco e confirmou o que era dito, já por gerações.
Existe a história de quando Colombo chegou à América. Os Índios não podiam ver os seus navios, simplesmente porquê não conheciam tais coisas. Só viam ondulações na água em torno. Depois de alguns dias puderam vê-los. Isso está no relato da chegada de Colombo à América.
A razão das realidades repousa na necessidade da retificação da criatura. Esta foi dividida em um número infinito de seres, com o objetivo primordial da criação de um berço, onde seria dado lugar a um drama de enormes proporções e de infinitos caminhos, onde poderiam vivenciar em experiências individuais e por várias vezes, as suas perspectivas destas realidades. Luz e desejo, são os elementos básicos e tudo é criado a partir destes elementos. Vejam que na bíblia, a luz não foi criada, pois na Torah, em seu terceiro versículo, ela diz “ E disse Deus, Haja Luz e houve luz”, mas os desejos foram criados no primeiro versículo onde a Torah diz “No princípio criou Deus o Céu e a Terra”, sendo esta terra, o desejo, pois Ratzon, (Desejo ou vontade) participa da mesma Raiz de Eretz (Terra). Desejo (Terra) e prazer (Céu) é que determina toda a busca do homem e de toda a criação. Vivemos de desejo e de prazer !
No princípio (BeReshit o livro de Gênesis), o primeiro lívro da torah, desenrola-se a criação de tudo isso, desejo, prazer, a separação das águas da terra (Formação da porção seca), criação dos vegetais (que é chamada de levushim, ou vestimentas ) que é um nível mais alto da alma ou Ruach “o vento” e desemboca na formação do ser humano pelo “Sopro” em suas narinas. Esta é a evolução inicial do pensamento e da alma humana. É a evolução do ser intelectual que é ADAM (Adão).
Os três protagonistas principais da chamada “queda” é a consciência intelectual pura e abstrata representada por Adam (Adão), as nossas emoções representadas por Havah (Eva) e o motivo por trás das decisões relacionado com a “vantagem ou desvantagem de receber” pragmáticas de cada ato, representado por ”נחש" Narash (A serpente). Cada um é relacionado com uma parte de nós, sendo a sabedoria ou Adão relacionada com a “Mente ou Cérebro”, sendo o seu nome em hebraico “מוח " (Lê-se Moar). As emoções ou Eva, relacionadas com o coração, sendo o seu nome em hebraico “לב” (Lê-se Lev - coração) e o pragmatismo da recepção ou da vantagem do ganho ou desvantagem da perda, relacionado com o fígado, sendo o seu nome em hebraico “כבד” (Lê-se Kaved) , sendo também relacionado às “cascas” ou nosso lado “sombrio” como já explicado anteriormente. Não se prendam nestas imagens, pois são meros símbolos. Não existe evidentemente nenhum relacionamento de qualquer órgão do corpo humano com isso.
O fígado ( A Serpente) foi aquele que seduziu Eva. Por outro lado a volta ao paraíso será de responsabilidade do Mashiach (Messias), desta forma, um é o responsável pela queda e o outro pela ascensão, sendo relacionados mutuamente e sendo por isso que apresentam a mesma Guemátria (Número alcançado pela soma do valor numérico de cada letra, já que em hebraico número e letra dividem os caracteres do alef bet) cujo número tanto para Mashiach quanto Nahash é igual a 358. Uma coisa muito interessante é que a relação Cobra (Serpente) e Cobre (Metal) guardam o mesmo relacionamento em português e em hebraico, pois Cobra ou serpente em hebraico é “נחש” Narash e Cobre é “נחושת” Narashet, Isso é devido a um relato da Torah no deserto.
Não vou falar do “Fruto proibido”, pois está implícito no texto a necessidade da passagem da alma pelas experiências do “bem” e do “mal”, proporcionadas pelas realidades.
No nosso estado atual, estamos invertidos, ou seja, somos controlados pelas necessidades pragmáticas da recepção, fazendo com que mande em nossas emoções e esta nas nossas mentes, exatamente como na sedução da serpente sobre Eva e desta sobre Adão. Somos controlados pelas necessidades do ganho e do afastamento das perdas que desta forma, são controladas as nossas emoções e finalmente as decisões. Acreditamos que estamos no controle total de nossas ações, mas na realidade somos controlados por esta força pragmática e primordial, sendo desta forma a raiz principal de todos os problemas e sofrimentos encontrados em nossa civilização.
A figura do ser retificado é que a Mente controla o coração (As emoções) e este por sua vez controla o fígado, sendo por isso, que o Tsadik (Justo) é representado por alguém com a relação Moar => Lev => Kaved ou MeleK (Rei) em hebraico, formado por cada primeira letra de cada palavra, sendo desta forma, aquele que não só tem o domínio completo de suas emoções, mas também sobre a sua materialidade e instintos. É por isso que a entrada em Jerusalém é de um “Rei” (Ser Retificado), “Justo e Salvo”, montado em um burro, já que burro é hamur, da mesma raiz que Homer (Matéria), sendo Jerusalém o estado de plenitude desta alma, já que Salém quer dizer “Total” ou “Plenitude” e Shalom, “Paz” e desta forma, podemos entender que Shalom do Hebraico, não quer dizer simplesmente “Paz” física, mas plenitude da alma na contemplação de nosso Criador”. O prazer absoluto !
Vejam que a pobreza material que de forma geral acompanha todos os “Justos”, seja ele Moisés, Jesus, Buda e outros, é na realidade um contraponto, pois o real prazer e felicidade, estão na alma e não na dimensão ilusória da realidade física.
O desenrolar das realidades afetam e são afetadas profundamente por nossas emoções, sendo o coração o palco principal do desenrolar dos acontecimentos e desta forma a experiência que advirá daí é o objetivo derradeiro, não sendo por menos que o próprio nome de Havah (Eva), significa em sua raiz do hebraico “Experiência”. ]
No interior do coração, no seu lugar mais profundo, encontra-se o nosso templo sagrado, quando as dimensões internas da Torah revelarem o ponto mais profundo de nossos corações, A nossa “Eva” será capaz de vencer a força da maldade que a seduziu erradicando-a, elevando à sua essência e retificando-a. Esta condição é conhecida como a “Chegada do Messias.” Vejam que com isso, os caminhos por todas as realidades nos levam aos nossos Messias interiores, sendo estes, aqueles que nos puxarão para cima, nos levando a partir daí a níveis cada vez mais elevados, de realidades mais amplas, aumentando cada vez mais o brilho das chamas de nossas almas e nos encaminhando ao nosso derradeiro encontro. À felicidade absoluta, o nosso Criador !