O novo Testamento e um breve olhar sobre Jesus-Parte 2

24/08/2013 13:20

Segunda Parte.

 

Neste contexto temos as várias almas que são mencionadas na bíblia: Nephesh ou alma animal, como já citado anteriormente, representando aquilo que nos mantém vivos, Chuach (Lê-se Ruar e significa “Espírito” ou “vento”, sendo a fase embrionária da alma ou “Ibur” que quer dizer “Gestação” ), Neshamah que vem de “Neshimah” ou respiração e a penúltima, a que estamos tratando agora, que é Chaia, (Lendo-se Raiá, “Viva”, representado o ser completamente desperto).

Vejam que a palavra alma, que no texto em hebraico está diferenciada e quando traduzida para outra língua, foi substituída para uma única palavra, “Alma”, sendo em que alguns casos, existe a tradução para “Espírito” como em “espírito Santo” (Chuach há Kodesh) E “Alma Viva” (Nephesh Chaiá), quando da criação do homem. De resto, foram tratadas como sinônimas e usada somente a palavra “Alma”. Em casos mais recentes, como é o caso de algumas bíblias modernizadas, em boa parte do seu texto a palavra alma foi suprimida para dar lugar a “Ser vivente”, materializando muito mais o texto.

Esta fase é citada por David nos seus Salmos, quando fala em andar na terra dos vivos: “ Porque tu livraste a minha alma da morte, os meus olhos das lágrimas e os meus pés da queda. Andarei perante a face do senhor na terra dos viventes”, Tehilim – Salmos 118: 8 e 9.

Isto também é citado por Jesus: “E porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem” , Mateus 7:14.

Na bíblia hebraica, as almas são Luzes e cada uma de suas fases, representadas como dia, desta forma, o se dizer que o filho de Adam ou “Filho do homem”, vai ressuscitar no terceiro dia, está dizendo que a alma dos filhos de Adam (Adão) ou seja, cada um de nós, que possui uma alma divina, no terceiro dia (Na terceira alma divina), atingiremos o nível de Chaia, de “Alma viva”. O nível de Nephesh, não conta, por ser alma puramente animal. Os três dias são os 3 níveis da “Alma divina” Chuach, Neshamah e Chaiá, almas estas, mencionadas na Torah.

Vejam que ele menciona que nesta condição a alma vai estar em um nível muito elevado: “Porquanto, quando ressuscitarem dentre os mortos, não se casarão, nem se darão em casamento, mas serão como os anjos que estão nos Céus”.

Observem também que ele menciona a ignorância dos Sacerdotes acerca das escrituras ou seja não conheciam a sua totalidade: “E Jesus respondendo, disse-lhes: Porventura não errais vós em razão de não saberdes as escrituras, nem o poder de Deus ?”. Esta é uma clara menção de que os sacerdotes daquela época eram superficiais e não conheciam as escrituras na sua profundidade (O poder de Deus) e evidentemente não tinham conhecimento de suas dimensões interiores. Sabiam que existiam, mas não se interessavam por elas.

Foi mencionado por Hilel, antes de Jesus e após ele, por Rabbi Akiva que o maior mandamento da Torah era o de “Amar ao próximo como a si mesmo”:

 

Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a tí mesmo. Levítico 19:18

 

A dialética de Hilel e de Rabbi Akiva era de que todos os desdobramentos das leis da Torah eram decorrentes da lei de “Amar ao próximo como a sí mesmo”. O que é a pura verdade, sendo todas as 7 leis de Noé e as 613 leis para o povo de Israel, desdobramentos decorrentes desta simples lei.

 

Em Mateus 22:34 a 40

Quando perguntado pelo sacerdote Saduceu “ Mestre qual o grande mandamento da Torah ?

E Jesus disse-lhes: Amarás o senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma e de todo o teu pensamento.

Este é o primeiro e grande Mandamento

E o segundo, Semelhante a este, é: Amarás a teu próximo como a tí mesmo.

Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.”

 

Vejam que apesar de muitas vezes a lei de amarás ao teu próximo como a tí mesmo, ser atribuída a Jesus, é um mandamento da Torah como já mencionado anteriormente e que a menção de ser a maior Lei da Torah, é uma interpretação de Hilel, desta forma esta manifestação de Jesus é uma menção de interpretação da lei pelo próprio Hilel e que a pergunta do Saduceu foi para saber de que forma Jesus pensava.

Desculpem a troca da palavra “Lei” por “Torah”, mas é que a pergunta, foi realmente esta e a palavra Torah significa “LEI”, mas num sentido muito mais amplo que os “Dez mandamentos ou Lei Mosaica” que se pretendeu fazer crer. O objetivo de se fazer alterações na bíblia, foi a de encobrir qualquer relação de Jesus com a Torah e o seu envolvimento com qualquer nacionalidade. Muitos erros já foram cometidos por se adotar esta postura, principalmente por pessoas que se põem em uma situação antagônica aos Judeus e não pensam que Deus de Israel e a Torah nada tem a haver com nacionalidades, mas que também deve-se agradecer aos Hebreu e Judeus de terem legado tal obra à humanidade, pois foram eles que a escreveram.

Toda a ascendência de Jesus era judia. E que principalmente a tentativa de se separar Jesus da nacionalidade Israelita, foi através da suposta culpa de seus semelhantes de o terem assassinado, o que para a idade média poderia ter feito algum sentido, mas que hoje é simplesmente absurdo e ingênuo se pensar, que uma nação inteira do tamanho do Estado do Rio de Janeiro possa ser a responsável por sua morte e que o ato de um homem sanguinário como Pôncio Pilatos de “Lavar as mãos” eximiu os Romanos de qualquer responsabilidade, a ponto de sua mulher poder ser transformada em uma santa, como foi feito.

Esquece-se do fato de que Também todos os seus apóstolos eram judeus e que os primeiros cristão, também o eram, principalmente aqueles que foram mortos no Coliseu e que mostravam grande fé. Só a maldade de alguns, interesses nacionais do Império Romano e a adoção do cristianismo por este, principalmente por motivos nacionais, pôde engendrar tal pérfida separação.

O Cristianismo puro é em perfeta concordância com os princípios da Torah, não sendo sequer nenhuma dissidência. Jesus foi morto por uma classe de sacerdotes corruptos que estavam mandando naquela ocasião e já por muito tempo que lutava principalmente por poder e por riquezas e que estava vivendo uma vida de privilégios, viviam bajulando o império romano e estavam explorando as pessoas de seu tempo, eram pérfidos e sem qualquer resquício de espiritualidade. Não eram todos, mas a grande maioria.

Quando houve o incêndio do templo por Tito, representado inclusive em seu arco, alguns de seus elementos como Yohanan Ben Zakay, Rabino da escola de Hilel, Foi para Yavneh (Jânia) e lá fundou a escola de Jânia, dando nos maiores sábios (Os Tanaim). Os maiores sábios da Torah oral e da interioridade da Bíblia hebraica daquela época. Isso demonstra que nem todo mundo no templo estava voltado para as riquezas.

Estes pensamentos sobre os Judeus perduraram por séculos e acabaram sendo cristalizadas na cultura popular a ponto de criarem os “progroms”, onde os Judeus não poderiam morar nos mesmos lugares das pessoas comuns, Nos éditos de Isabel de Castela e Fernão Aragão da Espanha, e de Dão Manoel de Portugal que forçaram os Judeus a saírem das casa, sem nenhum bem, deixar o país, Se converterem ao Cristianismo ou irem para a fogueira. Esta aberração e maldade infinita culminou no Holocausto da Segunda Grande Guerra, onde milhões de pessoas foram cruel e covardemente assassinadas, homens, mulheres e crianças inocentes.

Hoje ainda existem muitas pessoas pensando deste modo, pois vejam que isto já faz parte da cultura das pessoas, pois a própria palavra “judiar” significa fazer mal a alguém ou simplesmente torturar. Isso é derivado de ideias influenciadas pela ignorância e principalmente pela difusão de interpretações e ideias bíblicas completamente equivocadas, demonstrando a ausência de qualquer conhecimento a seu respeito e que pregam uma possível separação do cristianismo com a antiga “Lei”. Jesus jamais disse isso.

A ligação de Jesus com a Torah, o fato de ele ser uma alma exaltada, o fato de ele revelar parte da interioridade da Torah, sua compreensão das leis internas, a sublimidade de suas palavras, o fazem muito maior que o anteriormente apresentado.

Jesus em continuidade com a Torah, o torna muito mais compreensível e elevado do que interpretado pelo pragmatismo de seus atos em soluções materialistas e de problemas do cotidiano, sem qualquer elevação espiritual, sendo somente alguém que represente ensinamentos de cunho moral ou de amor ao próximo apresentados simplesmente como acessório de interesses individuais.

Quando Jesus arremata que amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo, representa a mesma lei, está explicitamente dizendo que amar ao próximo e a Deus é a mesmíssima coisa, devido a Deus ser um, significa que é uno conosco. Nós na realidade somos parte dele, sendo ínfimas centelhas de sua totalidade e que o amor mútuo, nos unirá no futuro e a única alma que está faltando neste contexto, mas mencionada nos textos sagrados, Yechida ou alma Una se estabelecerá.

Veja que o pó mencionado no Gênesis, somos nós. As centelhas, sendo cada centelha, um grão de pó. Somos na realidade ações, vetores que a bíblia chama “desejos” ou “Terra” (Eretz) da Mesma raiz que ratzon (Desejo). Veja que o ser completo Adam será formado do “pó da terra” e se transformará em “alma viva”, mas para a formação final de Adam, será necessário nos unirmos através deste amor, que nos transformará em nefesh Yechidá (Alma una), o Adam, a assembleia de Israel a noiva. Veja que neste contexto “Ben Adam” (Filho de Adão ou filho do homem) faz completo sentido.

Neste contexto o amor mútuo é sem sombra de dúvida o principal motor desta união para formação do ser total ADAM, sendo por esta razão realmente a maior lei.

Adamah (Parte da palavra Adam) é terra ou mesmo pó. “Edom” é vermelho que é também barro. “Dam” é sangue que de certa forma também representa Nephesh. Não estou citando nenhuma doutrina ou misticismo, estou simplesmente citando palavras do idioma hebreu.

Jesus em todos os momentos fazia citações de frases da Torah e como alguém completamente em submissão a ela (Conforme afirmado por ele mesmo) a citava com reverência e como ensinamento

 

No episódio do deserto, quando Jesus estava sendo tentado:

 

Jesus respondeu “Está escrito: “Nem só de pão viverá o Homem”. Lucas 4:4

 

O que ele quis dizer com: O que está escrito ? Onde ? Na Torah, em Deuteronômio:

 

Assim ele os humilhou e os deixou passar fome. Mas depois os sustentou com maná, que nem vocês nem os seus antepassados conheciam, para mostrar-lhes que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do senhor”. Deut 8:3

 

Outra frase no mesmo episódio:

E Jesus respondendo, disse-lhes: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito; Adorarás o senhor teu Deus, e só a ele servirás. Lucas 4:8

Esta também é um mandamento da Torah:

O Senhor teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás”. Deut 6:13

Mais uma frase neste mesmo episódio:

E Jesus respondendo, disse-lhes: Dito está: Não tentarás ao senhor teu Deus”. Lucas 4:12

Esta dito onde ?, conforme ele afirma:

Não tentareis o senhor vosso Deus, como tentaste em Massah”. Euteronomio 6:16

 

Voltando ao assunto da maior Lei da Torah:

 

 

E Jesus respondeu-lhes: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve Israel, O Senhor nosso Deus é o Único Senhor”.

Amarás pois ao senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.”

E o segundo semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a tí mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.”

E o escriba lhe disse: Muito bem, e com verdade disseste que há um só Deus, e que não há outro além dele;”

E que amá-lo de todo o coração, e de todo o entendimento e de toda a alma, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.”

E Jesus, Vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhes : Não estás longe do reino de Deus. E já ninguém ousava perguntar-lhe mais nada.”

 

Marcos 12:29 a 34

 

Vejam que isto está na torah:

 

Ouve Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor

Amarás pois aos senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças]

E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração”

Deuteronômio 6:4 a 6

 

Na realidade Deuteronômio 6:4 tem o seguinte texto:

 

שׂמע ישׁראל יהוה אלהינו יהוה אחד

Que traduzido, significa:

Ouve Israel, Havaiá é nosso Deus Havaiá é um

 

A palavra Havaiá é a leitura inversa nos dois sentidos para não usar o nome de Deus que é sagrado.

 

Porém, vejam que o término da frase na bíblia em português é traduzido para “único senhor”, mas na Torah é “Havaiá é um” ou seja “Deus é um “. Isto foi alterado nos primórdios da bíblia cristã para não ficar em desacordo com a “Santíssima Trindade”, a doutrina trinitarianista de uma facção dos Bispos de então e definida por decisão pessoal de Constantino em concílio, pois evidentemente Deus sendo um, não poderia ser trino. Não estou discutindo nenhuma doutrina, estou discutindo apenas os fatos relativos a adulteração do texto.

Isso evidentemente é um equívoco da interpretação de Jesus, que afirma que Eu e o Pai somos um. Na realidade significa como em Shemá Israel, pois na realidade Deus é um, e tudo está contido nele, sendo toda a criação apenas una com Deus e cada um de nós podemos dizer “Eu e Deus somos um”. Este é o real sentido da frase de Jesus, não sendo necessária nenhuma teoria ou mistério trinitarianista para explicar isso.

Esta frase é a Chamada Shemá Israel (Ouve Israel) que deve ser declarada todas as manhãs e noites pelos Israelitas.

 

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