Simbolismo da Torah e o universo primordial - Parte IV
Simbolismo da Torah e o universo primordial - Parte IV
Toda a estrutura do universo repousa na mente. O “espaço” e o campo de batalha das forças primordiais repousa nela.
Nossa mente interior possui gradações que vão desde o nosso mundo exterior e mente objetiva aos mais profundos espaços de nossa interioridade, sendo estas dimensões representadas pelos nossos “Mundos” internos ou “Olamot”, plural de Olam que significa “Mundo”, derivado da palavra Helem que significa “Oculto”.
Seria conveniente que revisitassem os ensaios “As Sephirot, os Olamot ou "mundos" , as (Orot) ou "luzes" e os níveis de espiritualidade” e “BeReshit - O livro de Gênesis - O início da Jornada de nossas almas pelas realidades”, que fornecerá algumas bases para o que temos a tratar no presente ensaio.
Os mundos de Assyiah, Yetzirah, Bryah e Atzlut, correspondem às quatro letras do Nome sagrado de Havayah ( Yod, He Vav e He), correspondendo também as quatro camadas da Torah, representadas pela sigla “PARDES”, sendo estas quatro dimensões da mente onde se desenrola todo drama relatado pela Torah. Não se prendam ao termo “Mente” como limitado às nossas consciências, mas a toda a mente universal.
O mundo de Assyiah (Mundo da Ação) é relativo à camada de Pshat (Pleno ) do texto, O Mundo de Yetzyrah ( Formação) à Camada de Remez (Aludido, insinuado), o mundo de Bryiah (Criação) a camada de Dross (de Midrash que corresponde ao estudo comparado) e o mundo de Atzlut ( Emanação) e além a camada Sod (segredo).
Estas camadas ou “Olamot” (Mundos) são distribuídos por dependência, como se fossem esferas , uma dentro da outra participando do mesmo centro. Na realidade esta representação é puramente simbólica e não devemos dar nenhuma importância exagerada a ela. Nestas dimensões não existem dimensões espaciais e nem tempo, carecendo completamente de forma.
Cada camada é representada por uma transparência própria como se fosse um meio translúcido, ou vítreo de diferentes graus de transparência como se fosse pedra Safira de várias cores, escurecendo a medida que chega até nossa consciência objetiva, por isso recebe este nome, Sephirah ou Sephirot no plural, aludindo às várias camadas. Para se elucidar mais este termo vamos utilizar as palavras Sepher (Livro). Sipur (Relato), outras palavras em Hebraico como enumeração, contagem, Autor, esfera e outras. Vejam que a palavra esfera em português, deriva daí.
Vê-se logo que esta transparência depende de algo “Inteligente” como se a passagem de um nível para o outo dependesse de permissão de alguma coisa “Numérica”, “Livresca” ou outra raiz relativa a isso, mas que por detrás, podemos ver a delineação da palavra “Programa” ou “Processamento”. Esta transparência é na realidade algum tipo de discriminação que depende fundamentalmente de uma “Inteligência”, “Relato” ou “programa” local. Isso não é nada complicado quando partimos da ideia que estamos em um meio inteligente proporcionado por uma mente.
Alertamos novamente que não devemos considerar imágens nestes relatos. Devemos ficar em nossas mentes simplesmente com a essência abstrata destes conceitos que não são dependentes de coordenadas espaciais e consequente não possuem formas. Deste modo poderemos projetar em nossas mentes interiores estes conceitos, sendo que a analogia com computadores é simplesmente uma abordagem minimalista.
Vamos ver a correspondência destes conceitos, a partir de modelos de RAMAC e ARIZAL.
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Nota: Kotzo Shel Yud quer dizer o ponto do Yud, ou parte de cima da letra Yud do nome de Havayah
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Nota: Zeir Ampim corresponde as seis sephirot: Hesed, Guevurah, Tipheret, Netzar, Hod Yesod que também pode ser chamada Tipheret (Beleza).
Podemos fazer alguma considerações a respeito da tabela acima:
Vemos que o nível da luz (Alma) Nephesh do mundo de Assyiah está no estado inerte (Espiritualmente) , estando presa a Malkut ou “Reino”. Corresponde à segunda letra “He” do nome de Havayah e pelo seu nível de consciência e imaginação só pode ver a camada de Pshat.
Vemos agora que a luz “Ruach” do mundo de Yetzirah está no estado de Levush (Manto ou vejetal) e como este começa a buscar a luz como os vegetais o fazem. Transita pelo mundo de Yetzirah (Formação). Corresponde a letra Vav do nome de Havayah. Já começa no nível emocional de Zeir Ampim. Esta camada é aludida pelo nível de Remez da Torah e este nível pela sua capacidade de imaginação, poderá compreendê-lo. É o estado de embrião da fase de gestação (Ibur), não tendo a alma por esta razão nenhuma consciência própria. É também o momento da retificação das Midots (Medidas) emocionais.
Vemos que a luz “Neshamah” do mundo de Bryiah está no estado de Malach (Animal ou anjo) e com este já começa a ter uma movimentação e como um bebê, não tem ainda consciência plena de si mesmo, e dos outros e só começará a ter, nas faseas finais deste estado. Corresponde a primeira letra He do nome de Havayah. A pessoa neste estado terá pela evolução de sua imaginação compreender a camada Dross da Torah.
Na fase de Chaya ou Viva do mundo de Atzilut a alma tem consciência plena de sí mesma, por estar “desperta” e passa a ter também consciência dos outros. É a fase humana quando atingimos a maioridade e nesta fase estamos no nível de Sabedoria (Chochmah) e atingimos o nível de Sod (Segredo) do PARDES.
Na luz de Yechidah, alcançaremos a singularidade de AK e desta forma estaremos no nível de Keter (Coroa) e alcançaremos o nível de Maschiach.
Quanto mais estudarmos esta tabela, mais estaremos familiarizados com as propriedades que sua inter-relação proporciona, mas lembrem-se que isto é só uma representação, não possuindo nenhum poder mágico ou efeitos secundários como muitos pretendem supor.
A principal função das sephirot e olamot é representar os marcos de consciência, emocionais e comportamentais para que possamos atravessar estas fronteiras, já que para progredirmos nestes caminhos precisaremos cumprir determinadas regras e disciplinas aludidas em batalhas e relatos da Torah. Precisamos trilhar “Os caminhos do senhor”.
A Tomer Dvorah de Rabbi Mosheh Cordovero (RAMAC) descreve os 13 atributos de Misericória e um por um dos atributos das Sephirot, desde Malkut a Keter, mas precisaremos antes de tudo ler estes textos de RAMAC com nossa consciência interior e sabendo passo a passo do que se trata cada assunto.
O que é a Palmeira de Débora e quem foi ela ? Débora foi uma profetisa relatada no Livro de Juízes (Capítulo IV- Por favor, Leiam) que dava as suas consultas debaixo de palmeiras. A sua função era a de ser Juíza e foi a única mulher no Tanach que alcançou a sua estatura. Ser profetiza e Juíza era uma relação muito importante neste contexto, já que a discriminação e julgamento de certos contraditórios necessita de sabedoria e de consequente nível de profecia. O nome Débora vem de ציפור Tzipora (Pássaro) ou também דְבוֹרָה (Abelha de Mel) em hebraico.
Já a palmeira, na antiguidade era considerada uma arvore sagrada, pois era extremamente útil e podia-se fazer muitas coisas com ela. Os Egípcios diziam que era uma árvore que se podia fazer com ela uma coisa diferente cada dia dos 365 dias do ano. A árvore é a representação do homem, sendo este "A Arvore do campo", como no Tanach.
O relato de débora no Tanach demonstra que era uma mulher muito corajosa e ajudou os Israelitas a se recuperarem de sua queda e consequentemente ela instruiu Barak que reuniu 10 mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulon para ganhar a batalha contra Sisera, capitão de Jabim, Rei da Hazor e todos os seus carros.
Vemos que no nosso trânsito pelos “caminhos do senhor” estaremos constantemente sendo julgados e ajudados por nossas Deboras e teremos que cumprir cada um dos preceitos para que estejamos aptos para atingir as grandes profundidades de nossas almas e o Nível de Keter.
Vamos ter paciência. No momento certo analisaremos este profundo texto, que precisa ser interpretado para que seja compreendido.
Gostaria de solicitar a vocês que convidem as pessoas para este blog. É muito importante que esta perspectiva da Torah chegue ao maior número possível de pessoas.