Os três níveis de nossas mentes e Saul, David e Salomão

27/05/2012 10:51

    Tenho que me desculpar a vocês por só agora apresentar um ensaio, mas as coisas estão difíceis e tenho trabalhado muito, mas não importa, sempre terei um tempo para escrever alguma coisa.

    Nesta semana vamos dar algumas voltas na bíblia e vivenciar a uniformidade de conceitos, verificando que mesmo em partes obscuras, ela guarda uma coerência que nos dá certeza de seus reais objetivos e permite começar a vislumbrar as pinceladas das alegorias por detrás do texto.

    De acordo com a Bíblia Hebraica, O primeiro Rei Israelita, foi o Rei Saul ( שאול המלך) Sua unção como rei foi devido ao pedido feito pelos israelitas a Deus que os concedesse um rei que os dirigisse. O seu nome (Saul) quer dizer “Pedido a Deus”. O segundo, o Rei David ( דוד המלך ) no sentido de “querido” ou “Amado” subiu ao trono por vontade de Deus. Foi ungido Rei pelo profeta Samuel e foi perseguido por Saul. Matou o gigante Golias que o possibilitou casar com a Filha de Saul, Mical. Foi o maior rei de toda a Israel. O terceiro foi o Rei Salomão ( שלמה המלך ) o seu nome vem de Shalom que quer dizer paz, sendo o seu sentido correto de “Pacificador”, pois principalmente reinou em uma época de paz. Foi o construtor do templo de jerusalém o Beit haMikdash (A casa do Santo).

    Estes três reis representam os desdobramentos do ser humano. No princípio um “Rashá (Mau), na segunda fase um guerreiro, pois precisa lutar com sua má inclinação para atingir A´sua meta. O terceiro o sábio, já a nível capaz de construir o templo sobre a sua montanha. Vejam que quando David chamou a seu fliho Salomão, disse o seguinte:

“Disponde pois, agora o vosso coração e a vossa alma para buscardes ao senhor vosso Deus, e levantai-vos, e edificai o santuário do Senhor Deus, para que a Arca do pacto do senhor e os vasos sagrados de Deus sejam trazidos, para a casa que se há de edificar ao nome do Senhor.” 1 Crônicas 22:19

    Evidentemente esta foi a missão de Salomão, pois foi feito sábio por Deus e David não podia fazê-lo por ser guerreiro.

     Na bíblia a nossa subida em direção ao nosso criador é uma luta constante com a nossa natureza. Mesmo quando estamos no templo, diante do altar, estamos em uma batalha. Vejam que no ensaio “O Sacrifício "Korvan" - O seu significado real” apresentei A raiz da palavra Korvan (קרבן) como composta pelas letras hebraicas  Kuf, Resh e Beith (קרב )   que significa aproximação), porém a própria palavra “Combate” ou “Luta” ( קרב ou KRAV), também é representado por estas mesmas letras. Para os que não conhecem a língua hebraica, lembrem-se da luta Israelense chamada de Krav Magá (Combate próximo) O mesmo se dá com a Palavra Queruv ou Querub que na Bíblia é usada no plural “Querubim ou Queruvim”, são “Proximos”, participando das mesmas letras a menos do Cuf que é substituído pelo Caf. A tudo isso se dá o duplo sentido de próximo e luta, sendo que esta luta se intensificará quanto mais nos aproximarmos da nossa meta, através do “altar”. Neste contexto e não indo a detalhes, mencionando apenas, palavras como pão, gordura, guerra, mesa e enviado participam da mesma raiz no hebraico.

    A própria constituição do nosso corpo animal obedece a uma estrutura assim. Viemos de animais inferiores e a estrutura de nosso cérebro evoluiu de baixo para cima. Temos parte do cérebro dos répteis, o cérebro mediano que é o sistema límbico que é o cérebro dos mamíferos, sendo o responsável por nossas emoções. Temos o córtex cerebral ou cérebro racional que é na realidade o “intelectual”. Este modelo de ´cérebro foi pela primeira vez apresentado por Pierre Paul Broca, médico e anatomista francês do século IXX, sendo o modelo atual. O Cientista americano Carl Sagan escreveu um livro intitulado “The Brocas Brain” onde apresentou este modelo e o comportamento humano como uma decorrência desta anatomia.

Na realidade este modelo já é conhecido há muito tempo. Vejam que os comportamentos de territorialidade e reflexos rápidos dos répteis é devido a parte mais baixa do cérebro (Complexo R) que está ligada diretamente à espinha dorsal, sendo este cérebro bastante primitivo. È representado na bíblia pela serpente, sendo em Kabbalah representado pelas 3 sephirot inferiores de Zeir Ampin ou NeHY (Netzach, Hod e Yesod). É na realidade a infraestrutura da nossa mente, sendo na realidade as propriedades com o qual lutamos toda a nossa vida.

    O segundo nível ou mediano é o sistema límbico que apareceu nos mamíferos, sendo o responsável pelas emoções. Na bíblia e na Kabbalah é representado por Hava (Eva) que constantemente é seduzida palas necessidades do cérebro inferior ou a serpente. Em Kabbalah é representado por HaGaT (Hesed, Guevurah e Tipheret ). É na realidade a propriedade que temos que corrigir.

    O terceiro nível é o “Sábio” ou o Córtex Cerebral, sendo a camada mais externa , sendo a parte mais alta de nossos cérebros e responsável por nossa vida intelectual. Na bíblia e na Kabbalah é representada por ADAM (Adão) e por CHabad (sephirots de Chochmah, Binah e Daat) ou Sabedoria, Entendimento e conhecimento).

    Notem que estamos invertidos, ou seja a territorialidade e necessidades puramente primárias estão controlando as nossas emoções e estas controlando a nossa intelectualidade, o que nos força a viver controlados inteiramente por Yesod ou seja, a nossa realidade está completamente fora de controle e subordinadas a causa e efeito impostas pelas leis naturais.

    Precisamos nos retificar, ou inverter o sentido do comando em que o nosso intelecto passe a comandar as emoções e essas a nossa mente inferior, representada por Nahash (A serpente), de forma que como David, deixemos de ser guerreiros (Morrer esta propriedade) e alcançarmos o nível de HaBaD (Sendo o nível mais alto o de Chochmah – Sabedoria como o atingido por Salomão) e a plenitude de nossas almas, representada por Ierushalaim (Jerusalém), alcançarmos com isso a condição para no topo de nosso monte Moryah (Consideração de Deus), construir o nosso “Templo Sagrado”. Ou Beit há Mikdash. Levar para lá a Arca da nossa aliança e também os vasos sagrados do senhor (Estes dois serão explicados mais tarde).

 

    Vamos nos deter em um ponto obscuro da Torah, que precisa ser elucidada, para dar o sentido amplo da bíblia hebraica.

    Sabemos que quando Abrão recebeu a boa nova que iria ter um filho, sorriu, pois pensou em estar muito velho para ter um filho, quando contou a Sarai, também riram pelo mesmo motivo e quando tiveram o esperado, também sorriram, não só de satisfação mas porque tiveram filho em uma idade avançada. Por isso lhe deram o nome de Itzak, derivado do verbo sorrir em hebraico, sendo na realidade, aquele que faz rir ou sorrir. Ora ! O que nos faz sorrir ? Os nossos prazeres ! O que mais nos dá prazer ? O nosso filho que faz sorrir ! . Vejam que Abrão subiu no monte Moryiah, exatamente no lugar do Templo Sagrado (Beit HaMikdash) e Deus pediu para ele sacrificar o seu filho ou seja, sacrificar os seus prazeres, assim como em outras partes da bíblia  dar em sacrifício o seu animal ou a gordura animal que em síntese, significa o prazer. Vejam que a mensagem aí vem completa, pois em outros lugares só é referido a se dar os nossos prazeres, o que dá a entender que eternamente, mas logo no início da Torah, a mensagem do autor é clara, Deus, na realidade, nos pede a dar o nosso prazer, mas por fim não o aceita, como não aceitou a morte de Isaque. Veja que esta alegoria de Isaque, diz respeito também aos sacrifícios de nossos prazeres que quer dizer que o todo ou o "Um" sente satisfação em nossos prazeres. De certa forma, hoje pode ficar claro de que a criatura, como um todo, quer receber os nossos prazeres, como o seu próprio.

    As andanças de abraão a sua ascensão nos montes (Nosso interior representado por nossos pensamentos) , ida ao Egito, construção dos poços já mencionados, o momento do seu teste na possível morte de Isaque, a sua aliança, vida de seus filhos e descendentes, as tribos de Israel, a Vida de Moisés, de Josué, Saul, David e Salomão, a queda dos  filhos de Salomão a primeira e segunda diásporas e outras histórias, estão em harmonia perfeita, mas precisamos sacar os sentidos mais profundos como se estivéssemos olhando para um mosaisco, que com o tempo através de exercícios, pudéssemos ver delinear a verdadeira figura ou mensagem em nossos interiores. Vejam que em Darash do Pardes o terceiro nível é sacado pela combinação das histórias semelhantes.  A mensagem por enquanto, é o que devemos fazer para alcançar a correção, passo a passo. Vamos nos aprofundar mais no nível atual e sacar mais significados do texto e compreender as nuances e o porquê de varias histórias semelhantes.. 

    Vejam que a descendência do Maschiach (Messias) não passa por Salomão, pois este na realidade é o fim ou alvo, sendo o guerreiro o elemento básico da luta, sendo esta o que na realidade importa. Em David começa a descendência que não passa por salomão. O sacerdote ou Cohen nos passará a sua chama até que estejamos prontos a brilhar com a nossa,  eternamente, sendo que através de nossos vasos sagrados de doação (Kelim), pudermos iluminar as mentes daqueles que precisarem de nós para atingir conosco a meta sagrada e sermos com ele novamente um só. O eterno um.