O Patriarca Yacov (Jacó) - Um visitante na noite
26/09/2011 19:21
A estória do patriarca Yacov (Jacó) é a ilustração viva da parábola na bíblia e podemos fácilmente ver a real alegoria por detrás da parábola, mas lembrem-se que estamos vendo ainda uma camada superficial da Torah.
É contado na Torah que RivKa (Rebbeca) a esposa do patriarca Ytzak (Isaque) quando grávida, se deparou com a luta de gêmeos dentro de seu ventre. Quando os seus filhos nasceram, Esao (Esaú) veio primeiro e Yacóv (Jacó) veio em seguida, segurando o calcanhar do irmão.
Esaú era todo peludo e ruivo, o que lhe deu o nome (Esaú, significando peludo). Esaú é também conhecido por Edom (Vermelho), não somente pela cor de seus pelos, mas também pela cor do cozinhado de lentilhas, pelo qual ele trocou a sua primogenitura com Jacó. Vermelho alude a cor do sangue ( Dam é sangue em hebraico), representando o nível mais baixo da alma humana ou Nefesh. A alma animal ou força vital.
Vejam também que Esaú é todo peludo, perambula pelo deserto e gosta de caçar. Uma alusão a nossa parte animal ou bestial ou mesmo aos nossos instintos animais. Por outro lado Jacó era um homem simples que vivia nas tendas ou seja, em lugares ordenados.
Em uma noite quando Jacó esperava para se encontrar com seu irmão (Esaú), foi surpreendido por um visitante que lutou com ele até o amanhecer. A noite é uma representação da diáspora, ou seja, a fase que a alma está separada da sua fonte original.
Ao amanhecer, o homem foi embora e abençoou Jacó, dando-lhe o nome de "Israel".Este homem é citado nos escritos rabínicos como o Arcanjo de Esaú. Na realidade uma alusão a nossa má inclinação ou instinto animal com a qual lutamos toda as nossas vidas e esta luta só irá terminar no início de nossa redenção (Ao amanhecer).
Saibam que a palavra Golú (Diáspora) e Geulá (Redenção) em hebraico , são diferentes apenas por uma letra, o Aleph, que é posta em Geulá (Redenção), pois esta letra representa no contexto bíblico e na lingua hebraica como referente a santidade.
Vejam que também sangue (Dam) é combinada com Aleph, criando o ser perfeito (ADAM), nome da criatura universal. Israel é a junção de duas palavras Yashar (Direto,Reto) e EL (Deus)
Israel em Hebraico significa direto a Deus ou seja o ponto no seu coração é algo que aponta direto para Deus. A centelha divina, uma parte do criador em nós.
Esta representação ensina que Durante séculos a alma peregrina pelas realidades, lutando com a sua má inclinação e quando está preparada, começa a evoluir, recebe esta centelha divina e as coisas puramente materiais começam a não lhes fazer sentido, ganhando aspirações por níveis mais altos de sua existência. São sensações de falta de alguma coisa, de algo maior, mais ligado aos seus sentimentos mais profundos, algo que tenha mais a haver com a sua natureza. Isto é conhecido em Kabbalah como Nekudah SheBalev, o “Ponto no coração”. Ele com o tempo, evolui e cresce até o completo despertar do ser.
Quando se diz “Filhos de Israel” não significa que sejam filhos, membros do Estado ou da nação de Israel, mas filhos de Jacó que passou a se chamar Israel. E filhos de Israel, não significa também que sejamos descendentes diretos de Israel, pois este, representa a alma humana, as nossas almas, que após a luta com a nossa má inclinação, recebe a centelha que a levará à fonte primordial.
Quando me refiro ao espiritual. Falo em relação a interioridade do homem, a sua transcendentalidade e não algo relativo a espíritos. Esta é uma atividade do espiritismo e dos espíritas que também louvamos as suas aspirações, mas não nos ocupamos disso.
Na realidade esta fase da Torá é representada várias vezes. Nesta fase de Jacó, na sua luta com o visitante da noite, chama-se “fase de contenda” e pode ser visto no caso de Itzak que quando abre poços em busca dos mananciais da alma.
Temos 3 categorias de poços:
Eseque: O primeiro poço. Eseque em hebraico significa contenda. é o nível de contenda da alma, em que luta com a sua má inclinação. É fruto do dia a dia da existência. Está relacionada com a confiança, a sinceridade e a veracidade. Esta é a mesma fase experimentada por Jacó na sua luta com o visitante da noite. Pode ser também observada na luta de Moshé (Moisés) com o Faraó, nas pragas do Egito. Na verdade a estória evolui e cada vez mais, são dados maiores detalhes em dimensões mais completas da saga da alma. Isso será perfeitamente compreendido em outras fase de estudos da Torah. Esta fase é verificada também, já fora da Torah, mas ainda no Tanach (Bíblia hebraica), quando o Rei David mata com uma pedrada o Gigante Golias (Uma alusão ao Goluth) o exílio da alma de sua fonte original ou diáspora.
Vejam que David que ainda nesta fase não era rei, era o último de sete irmãos, ou o nível mais baixo das propriedades da alma humana ou Malchut (Reino). Entraremos mais tarde na estória do Rei David sua evolução, Coroação como “Rei” e a parábola de sua descendência como é o caso do Mashiach (Messias).
Já o segundo poço com o nome de Siná é a fase de ódio (Pois siná significa ódio em hebraico), onde reconhecemos o ódio, existente em nós que nos afasta das outras criaturas. Vejam que está diretamente relacionada com a segunda fase da estória do Êxodo em que Moshé chega aos pés do monte Sinai (Da mesma Raiz de Siná) , também uma alusão à montanha de ódio ou pensamento de ódio existente em nós (Veja que montanha tem a mesma raiz que a palavra pensamento em hebraico). E vejam que só aí é que a a Toráh é entregue, quando recebemos as leis, pois de certa forma atingimos o juízo suficiente para observarmos a lei e já e estamos por cima do pensamento de ódio.
Esta fase inclui mais tarde a luta com os reis cananitas onde corrigimos todas as nossas propriedades emocionais internas e nesta fase, já corrigidos e como Reis poderemos entrar em Salém (Na plenitude da alma), montados já “justos e salvos” em um jumento, filho de Jumenta, onde Jumento é Hamur da mesma raiz de Homer (matéria). Isto quer dizer que entraremos em Jerusalém na forma de Tzadik (Justos), (Como Melkizedek, ou Rei justo, da parábola de Abraão que morava em Salém e era sacerdote do Altíssimo), e encontraremos os caminhos de nossas almas.
O terceiro poço Hehovot é o estágio mais alto da mente, ou intelectual, abrindo para o estágio elevado da alma geral. É chamado Hehovot ou ruas ou caminhos.