O Mistério do Chanukah - A festa das luzes celebrada aproximadamente nesta época do ano.

15/12/2012 10:05

O mistério do Chanucá

    Nesta época do ano comemora-se a festa do Hanucá ou “Festa das luzes”, nesta festa comemora-se os oitos dias em que as velas da menorah arderam no templo de Jerusalém (Beit HaMikdash) por oito dias. O tempo suficiente para se fazer mais azeite e mantendo a acesa fazendo-a brilhar para sempre.

    Esta festa apesar de também representar a guerra Macabéia, quando se expulsou os Celeucidas da antiga Judah, representa adicionalmente algo muito mais profundo que meramente isso, pois a sua inclusão na bíblia, evidentemente, não foi para contar a história de um povo, mas como parábola com conteúdos bem mais importante e elevado.

    Vamos começar este assunto com Noah (Noé), mas não vamos nos deter para discutir o dilúvio ou a Arca (Um microcosmo), que por enquanto é algo muito complicado para nós.

    Vamos começar com os filhos de Noé que nasceram antes do Dilúvio.

 

    Diz a Torah:

"ויולד נח שלשה בנים את שם את חם ואת יפת "

 E Noé gerou três filhos, Sem, Cam e Jafé:

Após o dilúvio, os filhos de noé foram os pais dos Três povos do mundo conhecido na época. Jafé representava os ocidentais, Cam representava os africanos e Sem representava os semitas. Vamos escavar um pouco este assunto para obter os verdadeiros detalhes das intenções por detrás destes nomes. Essa abordagem bíblica revela muito mais que isso, inclusive os costumes de certos povos e suas visões do mundo, revelando que este simbolismo, foi forjado em tempos muito diferentes do que se imagina.

O povo grego por sua influência, é o povo da antiguidade que mais tipicamente representa o pensamento do mundo ocidental. Toda a cultura grega com a sua filosofia e dialética, fruto de conclusões sacadas da observação do entorno é forjada pela razão tendo como base, causas e consequências. A Estas belíssimas estruturas lógicas, foi dada pelos sábios antigos o nome de “Bonito” (יפהIafah em hebraico) sendo o que representa o nome Jafé (יפת ou “Bonito”). No âmago disso tudo, devido ao fato da Torah não tratar de nada material, temos o seu verdadeiro significado que é o nível intelectual de nossas mentes ou simplesmente a “Razão”.

חם (ou Cam, lendo-se Ram), “quente”, “queimado” representando o povo africano. Na realidade na interioridade da Torah, representa as emoções ou nossa “Mente emocional”. Em toda a Torah as emoções são representadas pelo calor. Até hoje é assim.

Vejam também que Cam, devido a “ver a nudez de seu pai” ( נח - Noé) e comentar com seus irmãos, foi condenado a ser também o pai dos Cananitas, povo que viria a ser escravizado futuramente na Torah.

שם (shem ou Sem) de onde deriva “Semita”, representando o povo com este nome. Da mesma raiz que שמן (Shemen – Óleo, azeite). É composta por duas letras que no hebraico são duas letras fundamentais no qual shin (ש ) é a chama e o men ( ם ) (neste caso, o mem sofit ou terminal), representa a água. Esta palavra de certa forma representa não só o povo hebreu, mas a própria peculiaridade deste povo de preferir morrer a deixar a sua fé em Hashem (Tradução para “o Nome”, representando Deus)

O óleo simboliza a sabedoria ou algo que libera a chama da fé, ou algo "למעלה מטעם ודעת(Por cima da razão). Mais tarde neste mesmo ensaio entenderemos melhor isso. A própria palavra “céu” ( שמים – Shamaim ) participa da mesma raiz.

Desta forma, três são os filhos de Noé, antes do dilúvio , as emoções, a razão e a sabedoria. Tanto a Noé quanto ao Dilúvio, estudaremos muito mais tarde em outro ensaio;

Em 175 AC Antiochus Epiphanes tenta impor os costumes gregos sobre os Israelitas já a esta altura somente os Judeus. Lembrem se que mesmo sendo parte da história, estes relatos servem como parábolas para revelar algo mais profundo. Na realidade a parábola vai muito além do simples relato.

No episódio relatado em 1 Macabeus em 1: de 56 a 64, lemos:

56 Os livros da Lei que fossem descobertos eles os rasgavam e lançavam ao fogo.

57 Onde quer que fosse encontrado um livro da Aliança, numa casa, ou se alguém estivesse seguindo a Lei, o decreto do rei condenava-o à morte.

58 Como tivessem o poder, infligiam isto a Israel, a todos os que fossem descobertos, mês por mês, nas várias cidades.

59 No dia vinte e cinco de cada mês ofereciam sacrifícios no altar que fora erguido sobre o altar dos holocaustos.

60 As mulheres que haviam circuncidado 4 de seus filhos eram punidas de morte, segundo o decreto,

61 sendo seus filhinhos estrangulados, as casas destruídas, e mortos também os que haviam praticado a circuncisão.

62 Todavia, muitos em Israel permaneceram firmes, decididos intimamente a não comerem nada impuro.

63 Preferiam morrer a se contaminar com esses alimentos, profanando a Aliança sagrada. De fato, muitos morreram.

64 Assim, desencadeou-se uma ira terrível sobre Israel.”

    Pode se ver que esta firmeza representa a fé inabalável dos israelitas que evidentemente estavam “Acima da razão”.

    Após a vitória dos Macabeus sobre Antiochus Epiphanes, na inauguração do Templo de Jerusalém (Inauguração em hebraico é חנוכה ou Chanuká – Lê-se ranucá), após a purificação do templo, na preparação para o acendimento da menorah (Candelabro de 7 velas)apos procurar muito, só descobriram uma pequena vasilha com óleo do “Cohen Gadol” (Sumo Sacerdote), pois o resto havia sido contaminado pelos gregos.

    Usaram esta pequena quantidade de óleo, mas aconteceu o milagre de que a menorah ardeu durante 8 dias até que houvesse tempo suficiente para se fazer mais que a mantivesse acesa perpetuamente.

    O óleo representa a sabedoria e a sua contaminação, a influencia desta pelo racionalismo da razão representada pelo povo grego ou ocidental. O que existe de errado no racionalismo ocidental que possa ser uma ameaça à sabedoria e consequentemente à fé ? Por acaso a ciência não contribuiu para um melhor bem estar da humanidade, novos instrumentos de desenvolvimento, uma melhor compreensão das leis físicas e um prolongamento da vida humana ? Todas as tecnologias com comunicações à distância, o rádio, a televisão o computador, não vão contribuir também para a aproximação de toda a humanidade ?

    O racionalismo nos traz muitos frutos através da ampliação de nossos conhecimentos e pensamentos, mas também traz agregados em si problemas colaterais, pois a fixação da mente em causas mecanicistas, leva a se conceituar o universo como uma máquina de funcionamento aleatório. Tal dialética encobre as realidades espirituais, pois o racionalismo está fundamentado e estruturado em causas e consequências, não levando em consideração, motivos e propósitos por detrás, sendo esta a principal razão da luta entre a fé e a razão., pois a fé é fundamentalmente não racional.

 

    Quando me refiro ao não racional, falo de instintos que se dividem em duas partes básicas, sendo uma relacionada ao nível animal que é a mais baixa e outra relacionada as coisas mais sublimes do intelecto e da existência. As verdades da mente que estão evidentemente acima da razão, por não ter relacionamento com as realidades físicas, pois evidentemente toda a nossa razão está alicerçada em elementos do mundo das formas.

    Vejam que na bíblia, sempre os níveis mais altos de nossos pensamentos são representados por cumes de montanhas.

    Os próprios Gregos simbolizaram estas propriedades da materialidade pela “Medusa” a Górgona que tinha a capacidade de petrificar os seres pelo simples olhar nos seus olhos. Perseu (Símbolo da alma humana) a venceu, decapitando-a. Isso representa a capacidade da materialidade de seduzir a razão, petrificando as pessoas.

Mais uma vez:

  O simbolismo utilizado na bíblia usa a água como representação do conhecimento. O próprio prazer de banhar-se, assemelha-se ao prazer de receber um novo conhecimento, não deixando de ser o ato de purificar-se. Por isso é que para entrar no templo sagrado, era necessário passar pelo banho ritual de purificação em uma mikwe ( מקוה ), reservatório especial para banho ritual. Existiam muitas perto do templo de Jerusalém.

    Na sequencia, a água representa o conhecimento e o óleo a sabedoria (Um líquido que contém fogo potencial ou que pode acender, iluminando o redor). O fogo aí evidentemente representará a fé. É por isso que os Cohanim (Sacerdotes) deveriam acender cada vela da Menorah (Castiçal de lâmpadas do templo) até que queimem por si mesmas, conforme ordem de Havaiah. O óleo deveria ser puro e extraído da primeira pressão das olivas. Estes são símbolos muito profundos. No momento, não dá para maiores aprofundamentos.

    Na bíblia existem duas formas de conhecimento, o relacionado ao Main Elionim (Aguas superiores) ou o conhecimento das coisas sublimes e o Maim tartonim (águas inferiores) conhecimento das coisas inferiores. Na bíblia, logo no início, aparecem as águas de cima e as águas de baixo. Quando se diz que “O mundo será inundado pelas águas de cima e pelas águas de baixo” significando que a ciência humana alcançará níveis altíssimos e que também será inundado pelos conhecimentos da coisas sublimes.

    Esta sequencia em uma linguagem simples, representa a construção e o acendimento de nossas almas, o pequeno vaso co óleo é encontrado dentro de nós.

    Está fé é ainda a fé imperfeita, pois a fé absoluta está muito acima ainda.

    As festas de Chanukah celebrada aproximadamente nesta época do ano, significam uma pequena parada entre os estados de Yon kipur e Hosh Hashana (Início do Caminho) e Purim (A Correção final) e veja que neste último a celebração não é com uma chama que arde acima do óleo, mas com vinho que representa a luz que entra no cálice.

    Devemos nos lembrar sempre que para acender as nossas velas devemos nos aproximar do altar do templo ( קרוב - Karov - Aproximar-se), queimar nossa animalidade no altar ( קרבן - Korvan – Animal Sacrificial ),e lutar incessantemente (קרב - Krav – Combate) e também nos lembrar que os filisteus estarão presentes e prontos a nos combater.

  

   Apresentei muitos símbolos neste ensaios, mas as explicações virão no decorrer de semanas, pois a sua utilização deverá ser paulatina. No próximo ensaio descreverei as fases de evolução, o relacionamento entre os vasos ou cálices e a luz, desta forma entenderemos um pouco melhor esta última parte.

 

Nota: Vejam que quando Abraão encontrou Melkizedek (O atributo da Justiça) , este lhe fez um banquete de pão e vinho.