O Êxodo - Uma visão Geral
O princípio básico que devemos ter em mente quando lemos o Tanakh (Antigo testamento ou Bíblia Hebraica) é de que não podemos em hipótese nenhuma transformar a sua história em elementos físicos, ou seja, tudo a que se refere a bíblia é abstrato e completamente desprovido de imagens, como determinado pelo segundo mandamento. Na realidade é relacionada com a mente superior e alma humana.
Partindo do princípio de que Deus (O Absoluto, O Infinito), é algo ou alguém universal e não estaria se importando com a formação ou com a adoração de um ídolo em particular. Que seu mandamento de não adorar ídolos, seria algo muito mais sério, abrangente e bem mais elevado do que uma atitude "Ciumenta" de se importar que um certo "Deus" não seja adorado em seu lugar, principalmente porque, o Deus de Israel seria uno e tudo conteria e a adoração de um Deus pagão, seria a adoração dele mesmo. Sua atitude seria simplesmente humana e não condizente com um ser absoluto, infinito e uno, principalmente porque, esta atitude, teria caráter egocêntrico e totalmente oposto a sua natureza universal.
Na realidade, o segundo mandamento se refere a´interpretação do próprio texto. Observe que nos é apresentado no início da entrega da Torah, para nos lembrar de que não devemos materializar as imagens que ali estão, nos sugerido desta forma, buscar os seus significados mais profundos e subjetivos em nossas próprias almas. "Sentir" é o termo certo.
Vamos nos deter na história do êxodo.
Toda a bíblia se refere a o nosso mundo superior. O que é isso ? Na realidade o nosso mundo mental ou interior ou mente superior que se estende muito além de nossas consciências objetivas. Veja que a palavra montanha em hebraico é "Har" הר, sendo pensamento "HarHur" הרהור , ou seja, a apalavra pensamento possui duas vezes a raiz de montanha, sendo muito adequado vermos o pensamento como algo, alguma "coisa" ou raiz a qual pertencem as palavras montanha e pensamento. Veja que isso, é uma abordagem bastante conveniente, pois daí para a frente, o pensamento é alguma coisa que precisa ser galgada.
Vamos nos lembrar de que muitos episódios importantes da bíblia acontecem no alto de montanhas, aludindo ao fato de que ocorrem em pontos altos de nossas mentes, porém em pontos invisíveis à nossas mentes objetivas.
Veja um dos textos de Shemot (Exodo): "Tu os introduzirás, e os plantarás no monte da tua herança, no lugar que tu, ó SENHOR, aparelhaste para a tua habitação, no santuário, ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram"
Shemot (Êxodo) 15:17
Veja que sempre que Abrãao e os outros Patriarcas vão a Canaã (A atual Israel) sobem e até hoje em dia os emigrantes são chamados de Olês (Que sobem). Não pensem que Israel é alto, pois é muito plano, sendo alguns lugares como BeerSheba (Sete Poços) na boca do Neguev tem aprox duas centenas de metos , mas a maioria das cidades principalmente as litorâneas são do nível do mar.
Olhemos em volta. Vemos o céu as estrêlas, a terra, montanhas arvoes e florestas, rios, o sol o mar, os animais, as pessoas. Tudo está revelado. O mundo borbulha de vida. Temos calor, frio, podemos ver, lembrar e imaginar.
Já no mar, tudo está encoberto, oculto, borbulha de vida também, mas tudo está oculto de nossos olhos. Só veremos se formos lá.
A imagem do mundo revelado é o da mente objetiva, onde os nossos pensamentos, memórias com imagens odores, sons, figuras, lembranças de fatos e pessoas, estão lá e podem ser acessadas a qualquer momento.
Já o nosso mundo subconsciente, a fronteira de nossa consciência é como o mar. Tudo está oculto, pululante de vida, mas invisível aos olhos de nossa mente.
Uma outra imagem importante é o sangue de cordeiro. Vemos que a palavra sangue está associada ao próprio nome do primeiro homem (ADAM), sendo sangue DAM em hebraico. É uma palavra que denota a parte física, "Nefesh" ou "primeira alma" que representa a alma animal ou alento, energia que mantem o animal vivo. Nefesh é usada indistintamente na bíblia como alma animal, não se restringindo ao ser humano. Já o espírito é Ruach, רוח (Lê-se Ruar) ou sopro. Um exemplo está no texto bíblico: "E Deus Soprou em suas narinas o sopro da vida e ele se tornou uma alma vivente" . Ruach pode também ser referido a "Espírito Santo", (Ruach HaKodesh).
O sangue de cordeiro que deveria ser posto no umbral das portas é uma advertência de que os Israelitas deveriam ficar com suas almas passivas. mansas, com bondade nos corações, para que não fossem atingidas pelo "Anjo da Morte". Vejam os portais na bíblia como sendo portais de uma casa ou de uma cidade referindo-se sempre aos cinco sentidos ou as nossas janelas ou portões para o mundo. Desta forma o sangue do cordeiro é uma alusão à essencia da passividade ou memso da bondade filtrando os nossos portais, e dos dois lados como frisa a Bíblia (De dentro para fora e de fora para dentro)..
Uma imagem também significativa é a do pão levedado. Veja que o fato do pão crescer é uma alusão aos nossos egos ou seja devemos comer pão não levedado, ou seja, o alimento de nossas almas deve ser algo totalmente isento de propriedades que as faça crescer do ponto de vista de desejos impuros. O ego é algo que cresce.
Este termo "fermento" era bastante usado na antiguidade e pode-se ver a sua menção na própria bíblia em Lucas 12:1 " Neste meio tempo, tendo-se juntado uma multidão de milhares de pessoas ao ponto de se atropelarem, uma às outras, jesus começou a falar primeiramente aos ses discípulos, dizendo: tenham cuidado com o fermento do Fariseus, que é a hipocrisia".
Quando é mencionada a noite de Pessar (páscoa) em que o Israelita deve sacrificar um cordeiro, retirar o seu sangue e passar nos umbrais das portas e janelas, esta noite é a noite da alma, a fase do goluth, ou seja no momento da jornada da alma pelos mundos inferiores ao qual estamos escravizados no egito ao nosso ego, em que deveremos assar este cordeiro e não cozinhar (Como bem frisado na Torah), significando que deveremos assar a nossa animalidade, representada pelo cordeiro (Um animal já manso representando o Israelita) no fogo de nossa Fé (A fé neste caso é representada pelo fogo). Deveremos filtrar as nossas expressões e recepções do mundo (tanto no sentido de dentro para fora e de fora para dentro). Na realidade esta noite é uma passagem de um longo tempo. A noite da alma. No nosso estado atual.
A Pascoa (Passagem( é celebrada no mês bíblico de Nisan que começa na lua nova após o equinócio da primavera do emisfério norte, sendo o mes em que começa a primavera para "Israel", sendo também o primeiro mês do ano religioso. Nis em hebraico é milagre e diz-se que Nisan tem duas letras "n" que significa Nisan Nissim, (Milagre dos milagres), pois este será também o mês da redenção final. Curiosamente, houve influência deste marco, pois o equinócio da primavera, é também o "Ponto vernal de Carneiro", sendo na astronomia o ponto central da ascensão reta e declinação da esfera celeste na astronomia. É também próximo ao início do signo de carneiro, símbolo de Israel. Erroneamente, pensa-se que Jesus é o cordeiro, mas este representa o Israelita. Já representava muito antes do advento do cristianismo, por isso Jesus passou a ser representado por este animal.
O Israelita é o portador do embrião da alma superior. Uma forma de desejo de nossos corações que na realidade é um ponto, ínfimo, uma parte de Deus no alto que quer alcançar a sua fonte primordial. É chamado em hebraico de Nekudah shebalev (Ponto no coração). É chamado de "Israel" ישראל , sendo a conjunção de "Yashar" ישר (Direto) e "el" אל (Deus), significando "Direto a Deus".
O Egito ou מצרים (Mitzraim) , ou Egitos(Uma alusão ao alto e baixo Egitos, sendo no singular מצר (Matzr). Ratzon , "desejo" רצון e ארץ Eretz "Terra" são os símbolos de nossa escravidão aos nossos desejos mundanos ou ao faraó (Nosso ego). Em hebraico Esta palavra em hebraico também significa "Confinado".
Este símbolo do Egito é muito interessante, pois cabe como uma luva nos costumes dos egípcios antigos que tentavam perpetuar os seus corpos, se apegando de forma obsessiva ao mundo material e a idolatria. Eram extremamente vaidosos, principalmente os faraós, que eram extremamente egocêntricos.
A saga da alma humana está traçada. Viviam e vivem na escravidão do mundo físico e dos seus egos, (presos a consciência objetiva), através de atitudes de suas mentes, o sangue de cordeiro e comendo matzá (O pão não levedado) resistem ao "Anjo da Morte" que mata os primogênitos do Egito e principalmente o do Faraó, conseguindo com isso a libertação do Egito. Atravessam o mar (A barreira que os separa do subconsciente). se deparamdo com o monte sinai (Sinãh - ódio em hebráico). Se conscientizam da montanha de ódio (Pensamento de ódio) com a qual viviam e por cima deste ódio, o seu messias (Moisés) recebe as leis que deverão seguir, partindo para o deserto, e através dele, devem alcançar a terra prometida (Salém - Plenitude) ou Yerushalaims (Visão de paz). Esta plenitude é da alma humana que atinge a sua plenitude em Jerusalém. Vejam que este Jerusalém não é o físico, pois irônicamente, este não é um lugar nem de paz, nem de plenitude. A Bíblia fala na "Jerusalém celestial", sendo esta a referida em todo o texto. É na realidade um ponto elevadíssimo de nossas mentes superiores. O lugar de plenitude. No lugar onde teremos a paz !
A entrada em Jerusalém deve ser montada em um burro como dito na profecia “ Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta”. Zekariyah – (Zacarias) 9:9
Veja que Rei é a alma retificada (Justa) e salva que já passou pelo deserto, eliminou o seus reis cananitas Idólatras (Midots - Qualidades da Alma) como veremos mais tarde,. sentada sobre um Jumento (Hamur - חמור em Hebraiso) com a mesma raiz de matéria (Homer - חומר ) ou seja a alma está no completo domínio da materialidade (montada nela). Esta profecia foi emulada por Jesus na entrada de Jerusalém no domingo de ramos como no novo testamento. Este episódio pode ter sido vivido por ele ou simplesmente contada por seus apóstolos para dar vida e confirmar a profecia. Pode ainda ser uma parábola sihnificando algo mais profundo.
O termo "salvo" tira o "Rei" da condição de ser um Messias ou "Redentor", pois ele mesmo esta na condição de "Salvo". Este rei seria alguém que teria passado por uma jornada e teria alcançado a condição de "Justo", um Tzadik (Justo e sábio) e em perfeito domínio da materialidade alcançaria a plenitude ou o lugar de paz simbolizado por Jerusalém.
Veja que esta é a saga da alma humana alcançando níveis mais altos dentro de sua consciência que na realidade se comporta como uma montanha que começa na mente objetiva e se eleva a níveis altíssimos, indo ao infinito e se confundindo com o próprio criador. Estes níveis começam na alma animal chamada de Nefesh, terminando na alma mais alta chamada de Yechidah (Lê-se Yerridá), proveniente da palavra Echad que significa "Um"., ou seja, onde todos nós somos um só. O objetivo da toráh nos ordenar a nos amarmos mutuamente, mitzvot esta confirmada por Jesus em seu tempo, tem por objetivo nos fazer um só ou seja atingirmos o nível de Yechidá. Não tem outro.
Nos mandamentos, temos uma parte que é conhecidíssima, em que Deus fala ao povo de Israel: "Shemah Israel, Adonai Elokim Adonai echad", (Ouça Israel o Senhor é Deus o Senhor é um) , isso não só alude a unidade de Deus como sendo um, mas a própria condição de uno e que tudo abrange. Comvém mencionar que a palavra Adonai (Senhor) está em substituição do nome mais elevado de Deus que está escrito na Torah, e que não deve ser mencionado.
Para terminar e ilustrar a elevação a este lugar, Vejam que O rei David tem a nos dizer nos seu salmos: "Porque tu livraste a minha alma da morte, os meus olhos das lágrimas e os meu pés da queda. Andarei perante a face do senhor na terra dos viventes" - Tehulim (Salmos) 118 : 8 e 9
Falaremos mais tarde em Moshe (Moisés), nas pragas do Egito, o Anjo da Morte, em Teisha beAv (O nono dia do mês de Av). a perambulação pelo deserto, a morte dos reis cananitas, Miriam, o general Josué que se chamava Hoshea (Salvador) e Moisés o batizou com o novo nome de Yehoshua (Deus Salva), sendo o mesmo nome de Jesus, pois Jesus é Josué em hebraico. Nome apropriado para um Mashiach (Messias) como foi Yehoshua ben nun.
Infelizmente, esta é apenas uma visão genérica e inicial e não posso entrar em muitos detalhes, pois fugiria ao objetivo deste blog. No futuro poderemos
ser mais abrangentes, quando começarmos a ter uma visão mais geral.
Não pensem que esta seria a visão das dimensões interiores da bíblia, pois elas só podem ser atingidas com a nossa alma. Estas são visões preliminares, da superfície, mas mesmo assim, são maravilhosas !
Na realidade só pegamos alguns pontos para ilustrar o contexto no qual estamos. Veja que estamos em um paradigma completamente diferente do usualmente apresentado. Em breve, vamos abordar de forma mais profunda e começaremos a vislumbrar de longe e em um breve relance a alma da Bíblia Hebraica..