Pardes Rimonim (Pomar de Romãs) as dimensões internas da bíblia através dos tempos.
Neste ano em um dia, à tarde, me deparei com a lua. Ela ostentava um finíssimo arco iluminado em sua borda, com isso me lembrei que o dia anterior tinha sido de lua nova. Imediatamente surgiu em minha mente que era “Hosh Hodesh” (Cabeça do Mês) dos hebreus antigos e como estávamos entrando no mês de Tishrey (Primeiro mês do ano rabínico e sétimo mês do ano bíblico), este era o “ Hosh Hashanah” (Cabeça do ano) ou ano novo. Me lembrei também que estávamos entrando no ano de 5772.
Vejam que existem duas características interessantes na contagem do tempo Hebreu. O primeiro dia do Mês é a lua nova, pois o mês é lunar e o dia começa no final da tarde quando aparecerem as três primeiras estrelas no céu.
Que 5772 é esse a partir de que ?
Na realidade na tradição, na literatura rabínica, é o tempo decorrido desde a criação do primeiro homem até os dias de hoje, sendo que o último Rosh Hashanah a que me referi foi em 29 de setembro de 2011. Há quem acredite que foi da criação do mundo, mas isso pouco importa.
Que criação do homem ?, do físico ? Isso é impossível de aceitar hoje em dia, pois, através do conhecimento da astrofísica, astronomia, biologia, geologia, paleontologia, biologia molecular, Genética e outros ramos da ciência atual, sabemos que o homem é bem mais velho que isso.
A que realmente a bíblia estaria se referindo ?
Bom, neste contexto, o Sefer Bereshit (o Livro de Gênesis), não estaria se referindo à criação do universo ou do homem físico em seu início, pois toda a bíblia, não fala uma palavra sobre este assunto, se referindo simplesmente, a relação do homem com o seu Criador. Veja que quando uso a palavra “Criador”, estou usando de uma metáfora, pois para qualquer ser, é impossível definir quem ou o que é, o que chamamos de “Criador”.
A evolução do universo, seria mesmo aquela hoje descrita pela ciência e não importa se precisa ou não, que vá ser melhor compreendida no futuro, após novas descobertas que poderão expandir novas fronteiras ou não. O que importa é que houve uma evolução do cosmos, das estrelas, galáxias, sistema solar, da geologia da terra, da vida, dos animais e dos primatas, chegando a um ser inteligente que conhecemos hoje que conhecemos como “Ser humano”.
Este ser evoluiu por um infindável tempo. Era um simples animal, muito inteligente, capaz de realizar atividades muito complexas, mas simplesmente, um animal. Potencialmente, sua mente era ilimitada, era uma montanha que se estendia muito além de sua consciência Se ligava a níveis muito acima de sua existência e que era na realidade a fonte primordial que sustentava todo o universo, ou mais precisamente todos os universos. Essa é a natureza da consciência, sempre universal. Limitada por barreiras naturais que lhe foram impostas pelo desenrolar e consequência da extensa cadeia de causas e efeitos
Este homem era simplesmente sangue e osso (DAM VeETZEM) e com uma força vital que lhe dava a vida, que em hebraico se chama Nefesh (Um dos cinco sinônimos para alma) . Naturalmente após muitas experiências de vida, conseguiu romper a primeira barreira que separava a sua mente inferior de níveis mais altos de sua existência, atingindo esferas mais sublimes dentro dos mundos ao qual as nossas mentes estão imersas. Neste instante recebeu o sopro “divino” ou “Ruach” (Outro sinônimo para alma, ou mais precisamente espirito, significando “o vento” ou “Sopro” e após muito tempo de experiências e evolução neste nível, subiu a “Neshamá” (Proveniente de Neshimah, ou respiração, sendo mais um outro sinônimo para alma). De Neshamá subiu para nível mais fundamental ainda, conhecido como Nefesh Chayá, ou simplesmente Chayá que quer dizer “Alma Viva”, ou simplesmente “Viva”. Veja que muitas vezes este nível da alma é referido no texto bíblico como terra dos viventes, mundo dos viventes, “ Terra dos viventes perante a face do senhor” como dito pelo Rei David. Jesus também falou disso diversas vezes.
Nestes níveis ele passou a se chamar de ADAM, pois não era mais somente Nefesh ou alma animal, mas um ser sublime, um “Homem perfeito”, ao se agregar a letra Aleph ao seu nome.
Ele passou a se chamar Adam haRishon (O primeiro homem).
Não confundir Adam HARISHOM com ADAM KADMON que muitas vezes também é chamado de ADAM HARISHON, mas o contexto em que eles estiverem, definirão o significado certo.
Desta forma os 5772 anos são contados a partir da elevação de ADAM. Cada milênio representa um dia da semana ou uma luz do candelabro de sete velas. A Sétima vela representa o “Shabat” (Sábado) Derivado do verbo leshbot que significa “Parar”, sendo o dia de descanso. Vejam que estamos no sexto milênio.O Rei david fala: " Porque mil anos aos teus olhos são como o dia de ontem que passou, e como uma vigília da noite ", Tehilim (Salmos) 90:4..
É atribuído a Adam o livro “ Raziel haMalach” (O Anjo Raziel). É uma obra muito profunda, mas impossível de ser lida nos dias de hoje.
O primeiro personagem da história conhecida foi um beduíno que viveu a 3800 anos atrás. Seu nome era Abraão e ele descobriu que existia uma estrutura no nosso universo que não era visível aos nossos sentidos ordinários. Eram mundos superiores ao nosso. Ele conseguiu criar um método que conseguia despertar as pessoas para estes mundos, criando nelas condições para que pudessem perceber e ingressar neles. Deram continuidade aos seus conhecimentos, seu Filho Itzak e neto Yakov.(Jacó).
Quando אברם, Avram (Abrão) fez o pacto com Deus, ele e sua mulher mudaram de nome. Ela que se chamava שרי (Sarai ou minha princesa), com a letra Yud no final, passou a se chamar שרה (Sarah ou princesa) com a letra He substituindo a Yud no final e o nome dêle foi mudado de .אברם (Abrão ou Pai Elevado) para אברהם (Abraão ou Pai Fecundo) pelo símples acrescimo também da letra He. Vejam que em hebraico as letras dividem as suas funções em letras e números e que a letra Yud tem o valor numérico de 10 e o He 5, desta forma o número 10 da letra de terminação de Sarai foi substituir dois cincos dos dois nomes de Abraão e Sara. Vejam que o nome mais elevado de Deus na Bíblia Havaiá (Jeová) é composto de um Yud, Dois He e 1 Vav. Isso demonstra a elevação conjunta dos dois e que formam uma unidade.
Estes personagens além de pertencerem de certa forma à história, na bíblia, são figuras metafóricas da fábula que representam coisas interiores e são de grande profundidade. São elementos de nossa mente interior e que oportunamente abordaremos os seus significados e funções.
Abraão escreveu um livro intitulado Zefer Yetzira (Livro da Criação). Que foi o primeiro livro da sabedoria interior.
O próximo personagem foi Moisés. Foi um grande homem. Subiu mais alto que qualquer ser humano até então havia conseguido alcançar. Como dito no Tanach (Bíblia hebraica): “E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face.”- Deuteronômio 34:10
Vejam que estas imagens bíblicas, são metáforas não significando que Moisés tenha olhado o rosto de Deus, pois evidentemente, Deus não tem rosto ou nenhuma forma física. Vamos nos acostumar a falar deste modo, sentindo em nossos interiores o significado disso tudo. É importantíssimo que sigamos o segundo mandamento e não transformemos estas imagens simbólicas em ideias completas, pois assim estaríamos cometendo o erro da idolatria, ou seja, personificando fisicamente coisas abstratas. A Torah trata somente do mundo espiritual ou seja dos mundos superiores (Ou mais apropriadamente Interiores), onde tempo e espaço, em absoluto, não existem e por esta razão, não existe qualquer tipo de forma. Estamos falando evidentemente de mundos, ou regiões de nossos pensamentos e desta forma, são elementos do subconsciente e totalmente desprovidos de forma física, sendo elementos da mente, dizendo respeito simplesmente a atributos, valores e difíceis de se definir. Desta forma, nada do que é tratado na Torah, apesar de se referir a histórias e fatos físicos, são relacionadas a um mundo completamente abstrato onde só existem atributos e relações, não existindo formas sensíveis. Por isso, o segundo mandamento nos proíbe de tornar físicas as palavras da torah
Moisés escreveu um livro (A Torah – Pentateuco, os cinco primeiros livros da bíblia) na linguagem das “ Raizes e dos Ramos”, que descreve, usando histórias e objetos do mundo físico (Os ramos) se referindo às coisas dos mundos superiores, (Raízes). É uma linguagem dificílima e sua dimensão interior não pode ser percebida com os nossos olhos físicos, como disse o rei Daví: “Abre senhor os meus olhos, para que eu possa contemplar as maravilhas da tua Torah” Tehilim – (salmos) 119:18. Veja que ele fala que nós. Precisamos estar com os olhos abertos para perceber estas realidades interiores. Note que só o Criador pode abrir os nossos olhos. Esta é uma alusão importantíssima que jamais poderá ser esquecida.
Uma coisa interessante é que parte da história é vivida por ele mesmo, ou seja, ele se colocou como personagem de parte de sua história. Evidentemente a métrica da história nada tem a haver com a sua vida, coisa que é citada como a impossibilidade de ter ele mesmo escrito a sua história, pois contou fatos da sua morte e além.
Passou o tempo e pelos tempos de Saul, David e Salomão, sendo este último o construtor do primeiro Templo, o Templo de Salomão o primeiro Templo (Beit HaMikdash – Casa do Sagrado). Este período da história é muito importante, mas não nos deteremos agora, pois faz parte de um nível mais alto da Kabbalah, explicando, inclusive porquê o Mashiach (Messias) é um descendente do Rei David.
Após a morte de Salomão, devido as grande dificuldades impostas ao povo pela construção do palácio de Salomão e do templo, com o pagamento de pesados impostos, Israel se dividiu em dois reinos, o do sul o Reino de Judá, cuja capital era Jerusalém e o do norte, o Reino de Israel cuja capital era a Samaria.
O reino do norte (Israel) foi invadida pelos Assírios em 722 AC. Parte de sua população foi morta e a outra parte foi levada cativa para a Assíria e nunca mais voltou. São conhecidas hoje como as tribos perdidas de Israel. A Samaria, sua capital foi habitada por estrangeiros e na época de Cristo sua população nada tinha a haver com a original. Alguns descendentes destas tribos foram encontradas como os Falashas na Etiópia e outros, localizados na China, Afeganistão e em outros lugares. Até no Japão foram encontradas estrelas de David, sendo que a religião Shintoista Japonesa, tem traços e elementos do templo de Jerusalém, tal como o Santo dos Santos, lugar vazio do templo que representa a presença de Deus habitando o templo (O Shechinah), uso de vestimentas brancas com franjas (TzitTzit) como as dos sacerdotes Israelitas do templo e vários outros elementos da cultura hebraica.
Mais tarde, Nabucodonosor em 597 AC, invadiu Judah e na destruição da cidade queimou o primeiro templo, levando parte da população cativa para a babilônia.
O segundo templo (O segundo Beit HaMikdash – Casa do Sagrado) começou a ser econstruído por Zerubabel em 353 AC, foi finalmente remodelado e terminado por Herodes “O Grande”, durante a ocupação romana e foi destruído por Tito em 70DC.
Passaram- se 1350 Anos desde Moisés até os tempos de Jesus Com a queda do segundo templo Rabbi Yohanan ben Zakai, um Rabbi do “Beit Hilel” (Casa de Hilel - O Sábio) levou muitos dos documentos do templo (Principalmente a Torah) para a cidade de Iahvneh (Jania) e lá fundou a sua escola, que passou a se comportar como um novo Sanhedrim (Conselho) e estabelecendo o conselho de Jania.
Este período da História foi muito rico sendo conhecido como “Tannaim” ou período “Tannaico”. Teve grandes sábios em que muitas de suas ideias estão gravadas na “Mishnah”.
Muitos sábios passaram por lá, como Rabbi Akiva, famoso talmudista que lutou na revolta de Bar Kokhba. Rabbi Akiva foi um dos maiores mestres da sabedoria interior e um de seus discípulos (O Mais eminente de todos) é o nosso próximo personagem da História. Viveu no século 2 da nossa Era, Rabbi Shimon Bar Yochay, autor do livro mais importante da Kabbalah o “Sepher HaZohar” (O livro do Esplendor).
Rabbi Shimon Nasceu na Galileia e viveu toda a sua juventude lá. Havia a proibição dos romandos para que os Judeus Não estudassem a Torah, mas apesar disso, ele mergulhou profundamente em seus segredos.
Conforme relatado pelo Talmud, Rabbi Shimon, Após a morte de Rabbi Akiva por Adriano, ele desenvolveu um sentimento contra Roma e por isso, foi condenado à morte por fazer críticas ao Império Romano, tendo sido perseguido pelos romanos, fugiu e se escondeu em uma caverna perto de um vilarejo de Peqi´in no norte do atual Israel, com seu filho, também um sábio notável, Rabbi Eleazar Ben Shimon.
Durante 13 anos eles estudaram a Torah e se aprofundaram nos segredos de todas as realidades. Os seus estudos foram completos e eles puderam penetrar nos segredos e conhecer a estrutura primordial que mantém o nosso mundo.
Após este tempo, Rabbi Shimon, deixou a caverna, pois soube que o Imperador romano havia morrido. Reuniu 9 estudantes e foram para a caverna de Meron, a “Idra Raba” (Grande Assembléia) e lá escreveram o livro do “Zohar” ou “Esplendor”, “Radiância”.
O livro do Zohar é totalmente escrito em Aramaico e na linguagem “Midrash”, diferentemente da Bíblia que é escrita na linguagem das “raízes e dos ramos”.
O Zohar é uma coleção de comentários a respeito da Torah (Pentateuco) e sua grande sabedoria não foi escrita para a sua época e sim para o final dos seis mil anos, na época do Mashiach (Messias).
A Kabbalah reconhece como real a História do universo físico, começando com o “Big Bang”, evolução do espaço e do tempo, evolução das partículas, evolução das estrelas, evolução do sistema solar, evolução da terra, evolução da vida, até chegar ao macaco e depois ao homem. Na realidade, vejam que toda a evolução universal de bilhões de anos, passou para nós como um piscar de olhos, pois para a perspectiva do Criador o tempo simplesmente não existe. Mesmo para nós o tempo passou sem que tivéssemos tomado parte no processo, mas toda a inteligência e organização das formas tinham que evoluir como uma extensa cadeia de causas e efeitos. A criação do primeiro homem significa que quando ele atingiu a espiritualidade e descobriu os mundos superiores de sua mente, se transformou em um homem completo, em uma alma vivente, pois antes disso era apenas um ser “bestial” sem nenhuma santidade. Era a primeira vez em que a luz maior tinha brilhado e refletido na luz menor.. É da criação deste “Primeiro Homem” que estamos falando, mas isso discutiremos em outra oportunidade.
Rabbi Shimon escreveu outra obra que é conhecida como Mekhilta que em Aramaico que dizer “Medida” ou “Regra” referindo-se as regras ou medidas no processo de exegese bíblica ou “Midrash” .
O nosso próximo personagem é um notável Gênio que nasceu em Safed no norte da Galileia, em 1522. O RAMAK - Rabbi Moshe Cordovero. Foi discípulo de de Rabbi Yosef Caro em lei judaica. Foi ordenado autoridade Judaica (Semichar) pelo Rabbi Yakov Beirav. Só quatro Rabbis foram ordenados a este nível.
Foi cunhado do Rabbi Shlomo Alkabetz, tendo sido iniciado em Kabbalah em sua companhia.
Estudou o Zohar profundamente, mas não ficou satisfeito, pois a sua linguagem é dificílima e tentou escrever uma obra que o Elucidasse. Desta forma escreveu o Ohr Yakar (Luz preciosa, uma volumosa obra de comentários do Zohar) e o segundo o Pardes Rimonim (O Pomar de Romãs).
.É uma obra notável ,engloba em uma só, todo os pensamentos de todas as escolas primitivas até o seu tempo, em um sistema harmonioso com o Zohar, demonstrando a unidade essencial e consistente da Kabbalah.
O seu título “Pardes Rimonim”, como no prefácio da obra é explicado pelo próprio autor é devido a que a Cabbalah é conhecida assim, como um “Pomar de Romãs” e também devido a sua própria organização, inclusive das sementes das romãs.
As Romãs aludem às dimensões interiores da kabbalah e da própria Torah, pois o interior da fruta é subdividido em finas películas que formam as pequenas sementes comestíveis e muito saborosas, sendo desta forma, a Torah um “Pomar de Romãs” e saborosíssimas. Os taamei Torah, os “Sabores da Torah”.
Rabbi Moshe Cordovero fundou a sua academia em Safed e antes de morrer em 1570, anunciou que um sucessor seu iria chegar a Safed e que seria a centelha de Rabbi Shimon Bar Yochay, o Autor do Zohar. Foi perguntado quem seria e Não foi obtida resposta, somente que de certa forma, aparentemente o contradiria, mas que ao longo do tempo se concluiria que os novos ensinamentos seriam idênticos aos seus, principalmente por ser proveniente da mesma fonte. Isso realmente aconteceu.
Durante o seu funeral, chegou em Safed um grande sábio. O Ari (Rabbi Ysak de Lúria) que acompanhou o enterro de Moshe Cordovero – RAMAK. Conta-se que em um dado momento, ele viu uma coluna de fogo sobre o morto e concluiu que isso seria um aviso de que ele (O Ari) viria a ser o seu sucessor,
No momento do enterro, ele percebeu que a nuvem, que só ele via cercar o morto, continuou indo para outro lugar. E ele recebeu isso como se o RAMAK não quisesse ser enterrado ali. Comunicou aos outros que acompanhavam e fizeram o enterro em outro lugar. Isso serviu de sinal para que todos entendessem que a pessoa ao qual havia se referido o mestre como seu sucessor, seria ele, o ARI, pois nas próprias palavras do Ramak; "Não posso lhes dizer. A essa altura, ele não deseja que sua identidade seja conhecida. Isso, porém eu posso dizer: Aquele que vir a nuvem que precederá meu corpo no meu funeral, este será o meu sucessor."
-Esse é o nosso próximo personagem. Viveu no século XVI. Seu nome era Rabbi Isaak Luria (1534 – 1572) é chamado de Ari HaKadosh “Leão o Santo”. Talvez tenha sido o maior Kabbalista de todos os tempos, pois simplificou os ensinamentos da Kabbalah, adaptando-os para a nossa época. A sua profundidade de espírito era imensa e galgou as mais altas esferas do mundo superior. Era realmente um homem Santo.
Ele escreveu várias obras; “O Etz Ha Chaim” “A Arvore da Vida”, “ Shaar HaGilgulim HaNeshamot” “O Portal do Ciclo das Almas” e o “HaShaar HaKavanot” “O Portal das intenções”. Rabbi Isaak Lúria nos ensinou importantes partes do Zohar, abrindo-as de forma formidável para nós e sua vida marcou o início da fase da “Geuláh” “Redenção”. de todos os povos. Na realidade o início da era do Mashiach “Messias”, quando no final atingiremos o “Gmar Tikun” a “Correção final”.
Estudar Ari HáKadosh é complexo. É o estudo “O Arizal” que representa principalmente o estudo da composição das estruturas do universo e da alma, sua composição, ciclos de vida (Múltiplas vidas), correção, estruturas das Sefirots, Partzufim e da “Arvore da vida”.
Sobreviveu somente 2 anos além do RAMAK, e em dois anos, a sua obra foi fantástica, exatamente como prevista por seu antecessor.
Falaremos um pouco de Jesus, pois a maioria dos cristãos desejam isso.
Jesus, na realidade não faz parte da história da Kabbalah, assim como Buda, Krishna e outros tantos seres importantes e santos.. Jesus é um ser de altíssima espiritualidade, na realidade, uma alma exaltada como tantas outras, mas não faz parte da história da Kabbalah.
Jesus era um Kabbalista, tendo sido um estudante dentre os essênios, tornando-se um Rabbi. Em seu tempo, os mais altos sacerdotes em sua esmagadora maioria, eram meras figuras políticas, estavam totalmente corrompidos. Eram nobres e riquíssimos, completamente em desacordo com a vida sacerdotal, que em gerações passadas, antes da queda do primeiro templo, eram completamente pobres e desprovidos de qualquer riqueza.
Na época de Jesus, os sacerdotes tinham perdido completamente a sua espiritualidade e a dimensão interior da Torah, passou a ser interpretada com a necessidade de rituais e preceitos meramente mecânicos, desta forma, a queda física do primeiro templo, foi seguida por uma uma vertiginosa queda da espiritualidade da classe sacerdotal e consequentemente de todo o povo daquela época. A diáspora “Goluth” ou “tevutzá” (Dispersão) representa esta situação, quando o Criador castiga os Judeus e os mantém fora da “Terra Santa” e longe do Beit HaMikdash (Templo de Jerusalém).
Até bem pouco tempo atrás, foram encontradas casas dos sacerdotes do Beit HaMikdash, desta fase. Suas residências eram riquíssimas com chão em mosaicos caríssimos e ambientes, suntuosos, totalmente em desacordo com a vida sacerdotal e demonstrando plenamente a sua opção pela materialidade e riquezas. Isso era inclusive mal visto pelo povo da época, pois viviam em uma ostentação desmedida e totalmente submissos, devido a tolerância de Roma que os viam como apaziguadores do povo e os mantinham naqueles privilégios, Sendo que o grupo do alto sacerdócio naquela época era Fariseu, pois o alto sacerdócio Saduceu havia caído durante a guerra Macabeia, tendo este sido substituído pela família asmoniana que era farisaica.
Quando Cristo foi interpelado pelo sacerdote fariseu de quebra dos costumes, vejam que ele argumentou exatamente isso, mostrando a diferença entre a interioridade e a exterioridade dos princípios, das leis e dos preceitos. Isto demonstra claramente que ele estava imerso e comprometido com os profundos conhecimentos das dimensões internas da Torah e que defendia a sua posição, acusando os fariseus de exteriorização das leis, transformando as mitzvot (Preceitos) em atos meramente mecânicos, insensíveis e desprovidos de espiritualidade . Está claríssimo isto no texto.
Foi um grande homem, um grande Rabbi e é uma grande alma. Mais tarde o próprio império romano o elevou a grandes alturas como líder religioso, culminando na sua promoção a Deus. Coisa completamente absurda. O que conta é a sua grande estatura como ser humano, a agudeza e profundidade de seu espírito e a sua obra,
Bom, mas vamos continuar com a nossa Kabbalah.
No século 17 apareceu um grande sábio, Rabbi Israel Ben Eliezer, Chamado de “Baal Shem tov” ou “Mestre do bom nome” foi um grande influenciador do movimento Chasídico.
Finalmente no final do século 19 e início a meado do século 20, tivemos um grande sábio, o Rabbi Yehuda leib halevi Ashlag o “Baal há Sulam “ “Mestre da escada” um título que recebeu pela sua obra “Ha Sulam”, “A Escada”, demonstrando que o Zohar era na realidade uma escada para os mundos superiores. Ele escreveu várias obras muito profundas e extensas como o “Talmud Eser Sefirot” O estudo das dez sefirot que contem muitos volumes. Foi o maior Kabalista do século 20, tendo sido seguido por seu filho e primogênito, Rabbi Baruch Ashlag.
Na realidade Rabbi Ashlag ou Baal HaSulam foi a centelha do Ari, que voltou para continuar a sua obra. Estas almas vão e vem, na necessidade de nos puxar para cima.
Estamos na época predestinada para a abertura da Kabbalah, a época para o qual o Zohar foi escrito, sendo o início da redenção da humanidade, a época em que tudo será revelado.
A kabbalah ficou oculta por muitos séculos e deu asas a imaginação de muita gente que escreveu sobre ela, imaginando o que poderia ser. A partir de pequenas partes, que podiam ser vistas através de pequenos fragmentos de sabedoria. Estes fragmentos eram expandidos através de “Achologias” (Eu acho que é isso, eu acho que é aquilo), criaram muitas teorias loucas, magias, encantamentos, Tarot, anjos e tudo o mais, tudo, tudo, completamente fora da realidade da Kabbalah. A Torah só trata da Relação do Homem para com o seu Criador, nada mais !. Na realidade, ela é chamada de a "Alma da Torah" e o "Chassidut" trata de níveis mais elevados ainda, sendo chamado de "Alma da Kabbalah" ou "Alma da alma da Torah".
A kabbalah deverá ter como princípio o amor ao Criador, um profundo estudo da mente humana, das leis da vida e uma busca de aproximação de Deus. Na realidade uma atitude de amar nossos semelhantes. O princípio da Toráh é o de Amar ao seu amigo como a sí mesmo”,escrito logo no princípio da Torah e confirmado por Jesus em sua época. O zohar diz claramente “Abra levemente o seu coração para mim e eu revelarei o mundo à você”.
Jesus, começou a levantar o véu da espiritualidade da Torah e do tanach, era um mestre brilhante, mas foi mal interpretado por ambos os lados. Do lado dos Israelitas, pelo sanhedrin que mais estava interessado na sua posição social, política e financeira e pela Igreja que nada tinha a haver com os cristãos primitivos, sendo na realidade a religião de Roma que mesclava o paganismo romano com o cristianismo, mas sem qualquer ligação ou interioridade da Bíblia hebraica., pois o verdadeiro cristianismo era gnóstico, ou seja, que tinha a interioridade exatamente como a Kabbalah. Sendo esta interioridade a “Gnose” que não podia ser expressada por palavras. Estes eram verdadeiramente os ensinamentos de Jesus e eram os ensinamentos originais do templo, como ensinado pelos antigos. Na realidade os ensinamentos dele eram um rompimento com aqueles costumes já corrompidos do novo sacerdócio. Uma volta ao conhecimento original, mas que infelizmente foi vencido.
A culpa da morte de Jesus pelo povo Judeu, foi um artifício para se separar a nova religião de Roma de sua raiz e principalmente de sua nacionalidade, bem como todos os costumes substituídos como o do dia de Páscoa o descanso do sábado e outras, inventadas ou modificadas, sem nenhum fundamento verdadeiro, simplesmente para mudar o costume dos Judeus e desta forma colocando-se em total oposição aos ensinamentos do próprio Jesus que disse: : “Não vim para mudar um I nem um til da Lei”.
O que gostaríamos de frisar é que se a criatura primordial que anima o nosso universo e seu criador, não possuem nome e nem nação, não cabe dizer que pertencem a este ou aquele povo.
A citação da Torah e outras fontes hebraicas é que os hebreus e Israelitas atingiram altos graus de compreensão, mergulhando profundamente em experiencias com estas dimensões do ser através, milhares de anos e com isso acumularam um vasto conhecimento através de seu sábios, filósofos e gênios notáveis que se dedicaram a estes estudos.
Infelizmente por falta de espaço só incluímos poucos sábios e suas obras neste breve ensaio.