As festas e sua distribuição durante o ano da “Nação de Israel”.
Os acontecimentos da bíblia, apesar de uma cronologia sem sentido, quando distribuídas no ano ganham um significado muito particular que tem a haver com a evolução da alma humana, revelando um profundo significado para toda a Bíblia Hebraica.
Conforme relato bíblico, em Shemot (Exodo) 12.2 lemos: ” Este será para vocês o primeiro dos meses do ano”.
Este é o Mês de Nisan ( ניסן ) o primeiro dos meses do calendário dos filhos da “Nação de Israel”. É onde começa a “Primavera” ou a “Redenção”, a Páscoa, o dia da “Passagem” em que o “Povo de Israel foi retirado do Egito”. A beleza de associar a redenção da alma (A Páscoa) com a primavera é algo notável, pois na realidade o que se festeja aí é a aquisição de um nível mais alto da alma, um mergulho inicial na espiritualidade e os sentimentos associados à primavera dão uma ideia do que nos espera.
Nissan é o mês dos milagres, pois ( נס - Niss) é milagre em hebreu, sendo Nissim “Milagres”. Dizem os sábios que Nissan tem dois num, porque; “Nissan Nissin” (milagre dos milagres), pois será o mês da redenção futura. Não temos imaginação para saber o que representa um estado desses.
Simbolicamente, a passagem dos Israelitas pelo mar, significando este o mergulho no subconsciente oculto, como já foi dito anteriormente em “O Êxodo - Uma visão Geral” ensaio de 03 de Julho de 2011. É realmente o começo de um êxodo do mundo puramente material e corpóreo ao mundo elevado “Mas a Terra em que vocês, atravessando o Jordão, vão entrar para dela tomar posse, é terra de Montes e vales, que bebe chuva do céu”. Devarim (Deuteronômio) 11,11.
A palavra monte, não precisamos explicar, pois já ficou bastante claro em ensaios anteriores e a chuva, são as águas que descem do céu em forma de gotas que é conhecimento direto do alto que nos purifica e nos dá prazer.
Mês em hebraico é חדש (Chodesh, lendo-se ródesh) vem de uma palavra com grafia semelhante, que significa Chadash, “novo” sendo uma alusão à lua nova, dia no qual começa o mês. Desta forma em cada lua nova começam os Meses que são distribuídos da seguinte maneira.
Nissan – 30 dias
Yiar – 29 dias
Sivan – 30 dias
Tamuz – 29 dias
Av – 30 dias
Elul – 29 dias
Tishrei – 29 dias
Heshvan – 29 ou 30 dias
Kislev – 29 ou 30 dias
Tevet – 30 dias
Shevat – 30 dias
Adar – 29 dias
Sendo que dependendo do ano, podem existir 13 meses, aparecendo o Adar II, logo após Adar I, desta forma existindo dois meses de Adar, Adar I e Adar 2. Isto permite ajustar as diferenças entre o ano formado pelas fases da lua e o ciclo solar.
Existe ainda o Ano que começa em Tishrei que celebra a criação da estrutura espiritual da alma de Adam há Rishon (O Primeiro Homem). Tishrei se permuta em Reshit (Começo). Esta data corresponde ao “Sexto Dia da Criação” que é o primeiro dia do mês de Tishrei. Note-se na bíblia que BeReshit (Gênesis) até 2.2 Deus havia criado o homem, mas até então: “Ainda não tinha brotado nenhum arbusto no campo, e nenhuma planta havia germinado, porque o Senhor Deus ainda não tinha feito chover sobre a terra, e também não havia Homem para cultivar o solo”. BeReshit ( Gênesis) 2.5
“Todavia brotava água da terra e irrigava toda a superfície do solo”. BeReshit ( Gênesis) 2.6
“Então o Senhor Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou uma alma vivente “. BeReshit ( Gênesis) 2.7. É importante destacar que na versão da Torah em hebraico devemos traduzir Nefesh Haiá como Alma Viva.
Note-se a menção de que nada havia brotado, pois não havia homem para trabalhar sobre a terra (Os desejos – Terra corresponde a Desejos) e desta forma, não poderia brotar nenhuma erva ou planta, pois aquilo que busca a luz (Os vegetais) , dependem de desejos (Terra) mais apurados e tratados pela consciência humana, mas há a menção de que a água brotava do solo (Conhecimentos que brotam de pontos mais baixos de nossas consciências, são revelados).
Na realidade esta é a data da criação do homem, pois o homem passa a existir a partir daí, sendo antes disso um ser puramente bestial (Sem qualquer espiritualidade). Este nível anterior é chamado de Cheihalot (Palácios, Inanimados ou mineral, pois não reage de forma perceptível à luz).
A festa da criação do Homem é o ano novo Judeu que é o dia de Rosh Hashanáh ou Cabeça do Ano, sendo seguido dez dias após pelo Yon Kipur ou dia do Perdão que foi o dia do perdão pelo pecado do Bezerro de Ouro que aconteceu em outra época da bíblia mais que na distribuição do ano judeu acontece nesta sequencia.
Agora, vamos distribuir as festas durante o ano e analisar cada uma delas e na sequencia descobrir um profundo significado do quadro:
Nissan – No dia 14 de Nissan é o dia da noite em que o anjo da morte passou pelo Egito. Esta alusão é a morte da alma, sendo como já foi dito que a proteção dos Israelitas foi o sangue do cordeiro (A alma da bondade e mansidão) nas portas (Nossos portais da alma), tornando-nos seres puros que não devem ser alimentados por coisas que contenham fermento que nos faça crescer os nossos egos. O carneiro pascal deve ser assado (Nossa animalidade deve ser cozida no fogo que representa a chama inicial da fé).
No dia 21 e 22 de Nissan foi a travessia do Yam Suf (Mar vermelho ou de Juncos).
Yiar
Sivan – No sétimo dia do mês de Sivan em um Sabat foi o dia da entrega da Torah. O dia que, por cima da montanha de ódio (Sinai ou Sinah em hebraico), os Israelitas receberam as leis que os norteariam na ascensão ou na direção da terra prometida. Esta é a representação do desligamento das amarras materiais, quando então já livres, passamos a ter a capacidade do livre arbítrio, pois antes, com a imposição das necessidades corpóreas, não temos tal capacidade. Com isso as verdadeiras leis passam a se fazer presentes e são entregues no cume da montanha.
Tamuz-
Av – no Dia 9 do Mês de Av (Teisha BeAv). Quando na divisa de Canaã, Moisés enviou um príncipe de cada tribo de Israel como batedores para fazer um reconhecimento das terras. Quando voltaram relataram que as terras eram muito férteis manava leite e mel, trouxeram também os frutos da terra que eram grandes, porém haviam muitos lugares de mortos, os homens eram grandes e haviam também grandes fortificações. Naquela noite Israel, chorou, pois seria impossível conquistar a terra prometida. Devido a isso, por sua dúvida, Deus os condenou a vagar pelo deserto durante quarenta anos e nenhum deles exceto Caleb, filho de Jefoné e Iehoshua, filho de Num, pois esses não duvidaram em nenhum momento que poderiam ser vencidos, pois Deus estaria do lado deles.
Essa é uma alusão à nossa falta de determinação na direção da espiritualidade, que nos faz ficar vagando pelo “deserto”. Somente novos desdobramentos de nossas personalidades, já amadurecidas é que nos permitirão alcançar estados mais elevados e alcançar a terra Santa.
Elul -
Tishrei – Dia 1 – dia elevação da Ama de ADAM ou dia do ano novo judeu (Rosh hashanáh. Neste contexto significa a nossa elevação de nossa alma ao nível de Ruach.
No dia 10 é o dia do perdão, pois Israel pecou, pois pensavam que Moisés havia morrido e construíram o “Bezerro de ouro”, como a representação de Deus, sendo o dia 10 o Yon Kipur (Dia do perdão) por este feito. Esta é uma alusão que nos nossos caminhos e em determinado momento, não acreditaremos na existência de Moisés em nosso interior e isso cederá lugar à construção de estruturas ilusórias de “Idolatria”.
Neste mesmo mês, no dia 14, é criado o Mishkan, tabernáculo do deserto, ou protótipo do templo que deve ser levado pelo deserto (Veja-se que no deserto não há vida, sendo completamente estéril, onde se deve ser levado pelas leis recém recebidas e guiados por Moisés e pelas palavras de Deus. O tabernáculo é a morada do Ruach HaKodesh (O Espírito Santo). A morada do Divino nas profundezas de nosso ser.
Neste mês no dia 15 começa a festa de Sucot (cabanas).
Heshvan -
Kislev - É o mês de Chanukah ou Mês da “Confiança ou Segurança”. Confiança essa dos Hasmonianos ou Macabeus de lutar contra a força do império helenista e sua cultura. Isso representa a força da Fé (representada pela cultura Israelita ) sobre a razão (Representada pela cultura grega). A este nível atingimos o nível da fé ativa que é representada pelo fogo da Menoráh no templo sagrado. Esta palavra também representa inauguração. Obviamente não precisamos dizer porque.
Tevet –
Shevat –
Adar – dia 7 de adar Dia do Mês do nascimento de Moisés Rabeinu. Veja que Moshe, significa retirado das águas. Na realidade os nossos Moisés interiores, nascem do nosso conhecimento. Na realidade ainda não tem a haver com este contexto.
Dia 9 Jejum de Esther
Dia 10 dia do Purim
Dia 11 Sheshan Purim
Neste mês de Adar celebra-se o Purim, onde os Israelitas através da rainha Ester consegue vencer o malévolo Haman que maquinava matar o povo de israel que estava cativo na Pérsia. O Rei Assuero já havia decretado a morte dos Judeus, devido a intrigas de Haman, pois Mordechai (Lê-se Morderrai) se recusou a se inclinar para ele (Não se inclinar diante das tentações da materialidade e da idolatria ). Conforme relato bíblico, a Rainha Esther consegue mostrar ao rei os motivos das maquinações de Haman e este acaba indo para a forca que estava destinada à Mordechai.
Em todo o relato bíblico, os inimigos sempre estão presentes, pois Israel jamais consegue eliminá-los totalmente. Os Israelitas sempre serão seduzidos pelas mulheres cananitas e outras armadilhas que os levarão para a idolatria.. Isso representa que em nosso interior existirão sempre forças que nos puxarão para baixo, usando de todos os artifícios possíveis, sendo essas forças (Os Filisteus e outros) o mal que existe em nós.
Neste episódio em particular de acordo com o relato bíblico, o Rei permite aos Israelitas identificar e matar todos os inimigos de Israel, significando que a partir daí, já não mais haverá perigo, pois neste nível da existência, a alma não tem mais inimigos, estando no nível da correção final, o Gmar Tikun.
A festa de Purim é festejada no final do ano no mês de Adar: “E Mordechai escreveu estas coisas, e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto, e aos de longe, Ordenando-lhes que guardassem o dia catorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo, todos os anos,
Como os dias em que os judeus tiveram repouso dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa, para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem presentes uns aos outros, e dádivas aos pobres." Ester 9:20-22
Como vimos acima, no primeiro mês, começa a jornada da alma que rompe a barreira (Machsom) e consegue-se entrar no subconsciente. A este trânsido se dá o nome de pessach (Passagem) em hebreu, passa-se o mar de juncos, vai ao monte sinai, onde recebe a Torah, passa pelo deserto, constroi o templo sagrado, no mês de Tishrei nasce o novo nivel de sua alma, no mês de Kislev eleva a sua mente ao nível de fé, inaugurando definitivamente o seu templo sagrado e finalmente nos momentos derradeiros do ano, alcança o máximo nível, em Purim atingindo a correção final.
Fica bem claro aqui a intenção da bíblia. O ano é a evolução completa da alma, começando com a páscoa e terminando no Purim. Mais claro, impossível.
Vamos ficar por aqui nessa fase superficial, para mais tarde voltar a este mesmo assunto de uma forma bem mais profunda, nos detendo a analisar os símbolos de uma forma mais abstrata. Nos próximos ensaios vamos nos deter à aspectos mais técnicos dos significados de determinados elementos como vasos e luz.
Não devemos nos esquecer que antes de tudo, neste nível, a bíblia é um verdadeiro tratado de psicologia e tudo o que está sendo tratado é relativo a mente, alma humana e a espiritualidade, não se referindo em momento nenhum à coisas e histórias terrenas. Acho que a cada dia, isso fica cada vez mais claro.