As propriedades do coração e a Sephirah de Malkut
As sephirot do coração são Chamadas de Zeir Ampim (pequena face), conhecida como Tiferet ou “Beleza”, que é o nome de sua sephirah principal, caracterizando todo o bloco.
A primeira Sephira é a de Chesed (Lê-se rézed) que significa “Bondade”. Por ser a bondade representada principalmente pelo ato de dar, está relacionada ao braço direito. O braço que dá. A característica principal do “Amor” é o outorgamento. O princípio de se dar, por isso em hebraico Ahavah (Amor) é proveniente da raiz de “Dar” ou “Outorgar”. Na verdade o amor é um mistério para nós, pois só vemos em “Nosso mundo” um pequeno pico de poucas dimensões de uma vasta montanha que está mergulhada em um vasto oceano de profundidade sem fim. O amor é tudo, principalmente o elemento básico que unirá tudo em um abraço sem fim. A bondade então é um "Ato de amor".
A bondade por si só é frágil e precisa de uma outra propriedade ou Sephirah, “Gevurah” (Rigor, Juízo, Temor) ou a propriedade de juízo ou julgamento para balanceá-la. O equilíbrio perfeito entre Chesed e Gevurá é a Sephirah da Beleza "Tiferet". O Tsadik (Justo) é a imagem da “Beleza” decorrente do equilíbrio entre hesed e Gevurah. Evidentemente para se ser “Justo” é necessário um pouco mais.
Estas três Sephirot são representadas pelos patriarcas arquetípicos, Abraão, Isaque e Jacob
Abraão é um “homem benevolente”, Isaque (O Temor de Isaque, mencionado no Gênesis) e Jacob se destaca pela misericórdia e a beleza, sendo este último por outro lado o símbolo da própria alma humana.
Em kabbalah os símbolos são sempre multidimensionais e as vezes parece confuso que estas imagens estejam inter - relacionadas em diferentes assuntos, mas é assim mesmo. Isso cada vez mais com a evolução da imaginação deste simbolismo, a coerência irá surgindo de uma forma surpreendente. Este é o princípio da Kabbalah. Um exemplo tosco disso e que através 3 cores fundamentais separadas por imagens formadas por duas perspectivas diferentes, ao serem percebidas por nossos olhos e combinarem em nossos cérebros, constroem imagens coloridas tridimensionais.
Não é que se deseje encobrir alguma coisa, mas as palavras são recipientes de informação. E não podemos através delas transferir conceitos de experiencias interiores. A linguagem precisa ser de um nível muito mais elevado. A terminologia precisa ser construída em nosso próprio interior para que possamos entender. Por isso a Kabbah evolui com o tempo, pois são forjadas novas formas de pensar, palavras e terminologias são acrescidas, ficando cada vez mais fácil entender conceitos que antes eram dificílimos de serem transferidos de mente para mente..
Vejam os conceitos “Mundo Virtual”, “Inteligência Virtual”, “Programa”, “Byte”, “Informação”, “Pacote de Informação” e muitas outras. Para serem entendidas Precisariam de caminhos indiretos através de “Livro”, “Relato”, “Contar”, “Números”, “Autor”, “Luz”, “Abundância” e coisas correlatas para se poder passar a ideia de “programa de computador”, coisa que simplesmente não existia nos tempos antigos. Evidentemente hoje ficou muito mais fácil entender isso e cada vez mais ensinar Kabbalah ficará cada vez menos complicado, na medida em que os próprios Cabalistas forem se acostumando com as terminologias de “Informática” e as pessoas comuns também. Vejam que com o passar do tempo, com a evolução do pensamento humano, chegará um dia que todos entenderemos perfeitamente tudo isso, sem serem necessários caminhos “Tortuosos”. Evidentemente, mesmo assim, muita coisa não poderá ser entendida, tendo como base o nosso mundo físico, pois nele, só existem 4 dimensões, sendo 3 de espaço e uma de tempo, sendo que temos 5 sentidos, de tato, paladar, olfato, visão e audição, mas os sentidos em nosso mundo interior (De nossa alma) são 12 e com propriedades completamente diferentes do nosso mundo objetivo. Isso evidentemente não poderá ser discutido agora, pois se tratar de um assunto muito elevado, mas evidentemente sera abordado no momento oportuno e quando fôr necessário.
Como exemplo simples, citarei a música. Vejam que ela apesar de não ter uma relação com o que estamos falando, possui propriedades que não entendemos diretamente, mas é surpreendente que a música apresenta uma dimensão sensorial que simplesmente não entendemos. O rítimo, a cadência, as frases musicais, apresentam “beleza”, “Felicidade”, “Tristeza”, “Êxtase” que simplesmente, não podemos definir de onde vem. Mas são experiências marcantes e de profundo significado para a maioria das pessoas que as ouvem.
Dizem os Tsadikim que um ou alguns dos sentimentos da alma estão relacionados com algo parecido com cores e sons e são profundamente emocionais, sendo por isso que nossos seres através de nossos canais superiores nos faz sentir emoções com a música, sendo por isso que a maioria dos grande Cabalistas compoem música e muitas da vezes belíssimas. Baal há Sulam (Rabbi Yehudah Halevi Ashlag ) , por exemplo compôs músicas belíssimas. O Rabbi Itzak Ginsburgh também é um grande autor. A própria propriedade interna de Taanug de Keter está relacionada com a música e a alegria.
A Sephirah seguinte é Netzach (Lê-se netzar) que significa vitória, esta sephirah é do grupo inferior das midots (Propriedades da alma) e já estão relacionadas com o mundo exterior. Ela fundamenta-se na confiança em Deus e que jamais estará distante de nós e que não importa o que irá acontecer, mas a nossa meta será cumprida não importando o tempo ou o espaço. A vitória é certa !
Netzar é um impulso interior, faz parte de nossa ancestralidade. O impulso é de ir sempre em direção à vitória, sendo revigorante e fortalecendo-se perpetuamente.
Hod é a próxima Sephirah. É a de agradecimento. O agradecimento é a sephira que represnta a compreensão de que atingimos um objetivo e devemos sentir prazer por isso, agradecendo o alcançado. Hod também é glória. O agradecimento profundo e sincero também é um ato grandioso, glorioso.
A nossa próxima Sephirah é Yesod “fundamento”, representa a nossa conexão com o mundo externo. Na realidade é o dispositivo que pinta com o seu pincel o mundo exterior. Quando terminarmos estas Sephirots, vou entrar um pouco mais neste assunto de “Pintar o mundo exterior”.
O Ateret Yesod é o prepúcio, pois Yesod representa o órgão genital (No sentido de criação) sendo o que nos conecta (Zivug – Acoplamento no sentido sexual) com a realidade.
A Última Sephirah é a de Malkut “Reino”, o mundo objetivo que em parte engloba o físico.
Na realidade Malkut é a nossa mente objetiva, onde toma lugar toda a realidade, pois precisamos levar em conta que a existência é uma experiência sensorial e mental e que todas as coisas como emoções, cor, fala, problemas, família, amor, ódio, civilização e etc... são ocorrências devido ao inter-relacionamento com o mundo físico que é meramente um coadjuvante, mas não o determinante absoluto da maioria de nossas emoções. Na realidade vivemos em um mundo virtual. não que a física não tenha a sua realidade, mas como compreendermos mais tarde, tudo depende de nós mesmos.
Malkut (Lê-se Malrrut), é o reino, mas o reino de quê ou de quem ? De quem podemos responder. De você. Você é o rei. E todos os outros Reis estão a sua volta. Reis de seus reinos.
O Rei tem seu próprio arquétipo, ou em outras palavras, seu modelo. O Rei David.
Notem que em toda a bíblia o personagem mais descrito além de Moshé Rabeinu (Moisés) é o Rei David. Desde o seu nascimento, aventuras, seu relacionamento com Samuel, Com o primeiro Rei dos Israelitas, Rei Saul, A morte de Golias, a sua unção como rei, mas secreta, o que é muito importante,suas guerras, Seus pecados (Que foram muitos), seu arrependimento e sua elevação. Tudo isso e a alegoria de nossas vidas. Cada um de nós é o Rei de Malkut e um dia, nos arrependeremos de tudo, alcançaremos o entendimento e nos elevaremos. Como a profecia bem diz: ”Alegra-te muito, ó filha de Sião, Exulta, ó filha de Jerusalém, eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo, pobre e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta” Zekariyah, Zacarias 9,9
Vejam também que os desdobramento posteriores da alma “As gerações futuras e sua descendência” será a do Maschiach (Messias). A alusão a isso é de que o Maschiach será um descendente do Rei David (Captaram ?). As gerações conforme na maioria da vezes mencionados na bíblia , são desdobramentos da Própria alma ou ser. Mesmo nos castigos impostos por Deus a Gerações posteriores. Não seria justo amaldiçoar descendentes de uma pessoa por seus erros. Se para seres humanos não é, imagina para Deus.
Falaremos dos desdobramentos da realidade no próximo ensaio. O publicarei na próxima semana para evitar grandes lacunas de tempo como no ensaio anterior.