A psicologia da Torah - O Caminho dos Justos
A Psicologia da Torah - O Caminho dos Justos.
Após infindáveis gerações a alma após a sua luta interna durante a noite com o seu adversário representado pelo “visitante”, ao alvorecer ganha a batalha e com isso recebe o “Ponto no coração”, a centelha “Israel” uma ínfima partícula do ser total no alto, mas que a levará para as alturas, direto a Deus como o seu nome diz (Yashar = Direto, El = Deus).
Esta ínfima partícula irá crescer e se multiplicar em milhares, milhões, em incontável número, como as estrelas do Céu, conforme prometido ao Patriarca Abraão.
Essa ínfima partícula é um desejo altruísta de se dar (De outorgamento) e em torno dela existem incontáveis desejos egoístas que na Torah, são representadas pelas “nações do mundo'. Irão tentar destruí-la a qualquer custo.
Habitará o Egito ( מצרים Como sufixo ים = Im que denota plural por serem dois, o baixo e alto Egitos ) tendo como palavra central צר que significa “estreito”, “Limitado”, “Apertado”, “Pressionado”, “Curto”, mas também “inimigo”, “Adversário”, “Antagonista”, como também “Causar”, Criar”, “Formar”, “Moldar”, ou seja, representa um estado de limitação de nossas mentes ou de estreiteza, criado ou moldado pela nossa centralidade em nós mesmos, onde seremos governados por nossos adversários ou os nossos próprios egos. Esta como, muitas das palavras deste idioma maravilhoso que compõe a Bíblia Hebraica, forma verdadeiros universos particulares, compondo uma terminologia única, que nos faz possível entender significados transcendentes à história do texto que aparentemente refere-se à coisas físicas e banais.
Vivendo nessa estreiteza criada por um estado mental, onde ficamos “presos”, “aprisionados” por nossa mentalidade ou forma de pensar, sendo que com o tempo, de nossos próprios pensamentos, que começam a amadurecer (Águas = Conhecimento) e de nossas centelhas de outorgamento, que já são muitas, já divididas em diversas “Tribos”, formando uma verdadeira “Nação”, nasce de nossas águas (Pensamentos) o nosso Mosheh (Moises que significa, vindo das águas), o estado mental que nos irá conduzir, ajudado por Deus, para fora deste estado de limitação, sendo que a sua principal arma, será a de fazer-nos humildes (Só nos alimentarmos de pão não levedado= Matzá). Esta será a morte dos primogênitos do Egito (pensamentos e costumes egoísticos) e desta forma seremos libertados deste estado mental, cujas águas (Conhecimentos ou pensamentos) se abrirão para passarmos e entrarmos em um estado mais elevado de nossas mentes, que está oculto para nós (Como o mar), quando estamos presos à estreiteza de nossas formas de pensar, representadas pelo Egito.
Vejam que na realidade todo este drama representa a evolução de estados psicológicos que progridem da estreiteza produzida pelo egocentrismo criando o estado representado pelo Egito, indo à libertação conduzida por nosso Mosheh (Moisés) interior, quando morrem os primogênitos do Egito, abrido-se as águas do mar vermelho, deixando-nos passar para o nosso subconsciente e além. Esta análise é uma explicação simplificada dos complexos efeitos que ocorrem em nossos interiores e que nos libertam para um estado mais elevado de nossos pensamentos.
Após cruzarmos o Mar Vermelho ou de Juncos, começamos o nosso caminhar pelo deserto , mas o longo tempo, nos faz ficar sedentos e começamos a pensar nas “Delícias do Egito” e os nossos desejos internos de outorgamento começam a vacilar e causar dúvidas (Estes são os murmúrios de todo o Israel) e as única coisa que encontramos é o amargor das águas de “Mara” que significa a depressão causada por não termos mais conexões espirituais, ou seja, estamos no sentimento de abandono na solidão do deserto. Aí, por nossos “murmúrios”, o nosso Moshe, ora e clama a Deus e este derruba nas águas um pedaço de árvore (Fragmento da Torah) que as faz ficar doce, Deus nos dá “Regras e ordenanças”. Esta é uma representação da mudança de objetivo (Derrubar um pedaço de árvore nas águas de Mara = Incluir os princípios básicos da árvore da vida, a Torah, à ser galgada nos nossos conhecimentos, que estão amargos na depressão e as faz doces, sendo que evidentemente, isto traz consigo “regras e ordenanças” que passamos a superficialmente entender). Dali vamos para Eilim, lugar onde existem 12 fontes de água (Cada uma pertencente a cada tribo de Israel) representando fontes de conhecimento tipicamente de cada uma delas e as setenta palmeiras, correspondendo aos setenta anciãos (A assembleia de anciãos, na realidade, que são Juízos profundamente interiores e muito superiores a nossa mente próxima). Estão ali em julgamento contínuo de nossas ações e pensamentos. Vejam que o Sanedrim (A assembléia da Israel física ou alto conselho) também possuia 70 membros.
No alto do Monte Sinai (Já acima de nossos pensamentos de ódio) atingimos a maioridade e recebemos a “Tora”. O conjunto completo de instruções, a “Arvore da Vida” que precisaremos entender e agora com o livre arbítrio, fazer as nossas escolhas, para através do “Deserto” alcançar a terra prometida . Terra de montes ( altos níveis de nossos inconscientes), onde se bebe água diretamente do céu.
Esta é uma visão precisa da situação em que nos encontramos. Pensar que na condição de limitação imposta pelo “Egito”, podermos ter o “Livre arbítrio” é completamente ilusório, pois estamos nesta situação condicionados aos nossos desejos egoístas impostos por nossas tradições, ensinamentos de nossos pais e comunidade, imposições corpóreas, genéticas e tudo o mais, impostos por desejos e anseios materiais e corpóreos, nos impossibilitando ações mais elevadas.
Por um condicionamento sistemático, o desejo profundo da espiritualidade e já na condição de termos múltiplos desejos de outorgamento (A multiplicação dos filhos de Yakov com a formação de uma verdadeira nação interior), formamos a massa crítica, que nos possibilitará escapar da tirania do Faraó (Nosso Ego).
Desde “israel” (Yakov) formávamos um proto recipiente que com a multiplicação dos Israelitas , a ordenação de Aarão como o primeiro “Cohen há Gadol” (O Sumo Sacerdote) e a criação do Miskhan (Tabernáculo do deserto), formaremos o total “Israel”, a ferramenta, o recipiente (O Vaso) completo que receberá a luz do alto. Vaso ou ferramenta em hebraico é “ כלי “ (CLI), uma sigla formada pelas primeiras letras do nomes (Cohanin, Leviim, Israelim) representando todo o Israel e significando “ferramenta”, “vaso” ou “recipiente”. Esta será a ferramenta que nos fará atingir as alturas espirituais, e no final, a correção completa, o "Gmar Tikun". Vejam que a Tora e todo o Tanach está repleto de recipientes e vasos, sejam eles de “barro”, “Madeira”, “Bronze”, “Ferro”, “Prata” ou “Ouro”, sendo que alguns deles poderão conter coisas “Impuras” como “líquidos de mortos” ou quando são tocados por pessoas que se evolvem com cadáveres. Por outro lado quando nos envolvemos com “Coisas “Completamente puras” como no caso de vasos de prata e ouro que pertencem as coisas “santas” do tabernáculo e consequentemente de Deus. Vejam uma breve exposição sobre vasos em : dimensoes.webnode.com.br/news/simbolismo-da-torah-e-o-universo-primordial-parte-ii/
A alusão de se envolver com líquidos de pessoas mortas ou tocar em cadáveres, significa relacionar-se com pessoas mortas espiritualmente absorvendo os seus “líquidos” ou conclusões e conhecimentos, produzidos por elas que muitas das vezes são “Impuros”.
Vemos aqui que o caminho dos “Justos” é na realidade uma transformação psicológica que nos fará uma libertação gradual, permitindo-nos transpor barreiras espirituais cada vez mais elevadas, até que atinjamos no final da Torah, as fronteiras das terras de Canaã, a terra dos povos idólatras que devem ser destruídos, dando seus lugares (Suas Terras = desejos) aos Israelitas (Desejos de Outorgamento). Esta não será uma tarefa simples, será uma luta constante com aqueles povos que são descendentes, segundo a Torah de um dos filhos de Noé (Cam que significa quente aludindo às nossas emoções).
Vemos que os povos cananitas são descendentes de חם (Cam) filho de noé (Que quer dizer caloroso, quente, intenso, férvido, apimentado denotando também emoções)
Na Torah, podemos ler:
“Os filhos de Noé que saíram da arca foram, Sem, Cam e Jafé. De Canaã, Cam é o pai
Esses foram os três filhos de Noé: a partir deles toda a terra foi povoada.
Noé que era agricultor, foi o primeiro a plantar uma vinha.
Bebeu do vinho, embriagou-se e ficou nu dentro da sua tenda.
Cam, Pai de Canaã, viu a nudez do pai e foi contar aos dois irmãos que estavam do lado de fora.
Mas Sem e Jafé pegaram a capa, levantaram -na sobre os ombros e, andando de costas para não verem a nudez do pai, cobriram-no
Quando Noé acordou do efeito do vinho e descobriu o que seu filho caçula havia feito, disse: Maldito seja Canaã ! Escravo de escravos será para os seus irmãos.
Disse ainda: Bendito seja o Senhor, o Deus de Sem! E seja Canaã seu escravo.
Amplie Deus o território de Jafé: Habite ele nas tendas de Sem, e seja Canaã seu escravo.” Genesis 9: 18 a 27.
Note-se a insistência da Torah em frizar que Cam é Pai de Canaã. Isto evidentemente não e acidental:
Cada filho representa : Sem é a Fé, Jafé a razão e Cam as emoções (não retificadas, é claro).
A descendência de Cam é bastante simples de se entender, pois fundamentalmente, toda a idolatria (Mergulho de nossas mentes nos desejos de fama, fortuna, auto exaltação, fixação em valores simplesmente materiais e etc.) repousa nas emoções. Na Torah, o contrário de espiritualidade é a materialidade, representada pela idolatria, não significando que não possamos ser ricos e gozar a vida em todos os seus prazeres, mas simplesmente, não podemos só viver centrando nossas vidas em função disso. O gozo da vida é uma dádiva, e devemos mantê-la devendo principalmente preservá-la através da nossa busca da espiritualidade, mas principalmente utilizando os nossos bens materiais em função disso.
Estes desejos não têm que ser eliminados, precisam ser corrigidos e todas as batalhas que começam no primeiro livro de Neviim (Profetas) ou livro de (Yeshua) Josué, são nossas batalhas que devemos travar com nossas emoções internas para alcançar estes objetivos.
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