A prece da entrada do Shabat - O nosso momento atual
A bênção da véspera de Shabbat
Há milênios uma prece é dita pelas mulheres na sexta feira à noite, logo após o entardecer. Diz a tradição com o seu romantismo, que esta prece foi dita por Sarah em seus dias, quando acendia as suas velas na entrada do shabat. É repetida por milênios por todas as suas descendentes:
"Bendito sejas Tu, Senhor, Fundamento do Universo, que nos deu as mossas leis, e nos ordenou acender as luzes do Shabbat."
No início da redenção dos povos, quando começarem a iluminar três estrelas no céu, entraremos no Shabbat e o povo eleito para esta ocasião, cumprirá a sua missão de acender as luzes do shabbat. Este é o momento em que as águas do céu (Main Elyonim – Aguas do alto) e as águas da terra (Main Tartonim – Aguas de baixo) se encontrarão e o mundo será inundado com a sabedoria do alto. Já começamos a ver isso hoje. As águas de baixo são as ciências. Vejam que nas últimas décadas o conhecimento não só do universo e cosmologia, mas também da física, química, teoria da informação, matemática e etc, tiveram um crescimento assustador, nunca, em nenhuma época o conhecimento humano atingiu tais alturas. e cada dia que passa, acelera cada vez mais. Os físicos agora já falam em múltiplos e mesmo infinitos universos como possibilidades, sendo que a própria física quântica já vislumbra possibilidades nunca antes sonhadas por nossos antepassados.
A sabedoria interior da Torah foi guardada por gerações, cada luz da Menoráh foi acesa em cada milênio, desde Adam HaRishon e agora que nos aproximamos do momento da geulah, (redenção), está começando a ser revelada a verdadeira face da Torah como mencionado na profética prece das velas do shabat.
Quando falo de povo eleito, (Israel) não estou falando de um país ou etnia em particular, mas de todo homem e mulher, que com sua alma, almeja a aproximação com o criador. Estes homens e mulheres com o nekudá shebalev (O ponto no coração, o Israel) serão os primeiros a guiar a humanidade pelo caminho certo, mas também o “Povo Eleito” representa algo muito mais profundo que meramente uma etnia, sendo o atributo que realmente nos levará para níveis espirituais elevadíssimos, onde poderemos estar diante da “Terra dos Vivos diante da face do senhor” como mencionado por David e por Jesus em suas épocas.
Vejam que o Israel, levitas, Sacerdotes (Cohanim) e etc. não são entidades físicas, mas atributos internos que são atingidos por nós e nos puxarão para cima, transformando-nos em seres mais puros em nosso caminho à luz. Até atingirmos o “Gmar tikun” (A Correção final).
Vejam que na verdade os Judeus foram os guardiões do conhecimento por gerações, não que tenham algum privilégio em particular, mas o descobriram. Foram repositório e guardaram o conhecimento da Torah. Não por todo o povo, mas por elementos em seu seio, que através gerações, estudaram e o guardaram de povos e instituições que os poderiam ter destruído. Na época de Jesus, os romanos proibiram o estudo da Torah, queimaram o Beit HaMikfash e dispersaram os judeus. Com os recursos dos tesouros do templo sagrado de Jerusalém construíram o Coliseu de Roma e lá mataram Judeus e Cristãos.
O povo judeu, de modo geral, na maioria das vezes, nem conhecia o que estavam carregando, mas as suas tradições e costumes serviram para congelar e funcionaram como cimento daqueles profundos conhecimentos que pequenas fagulhas do conhecimento do alto (Oral) poderão revelar a tela completa e os verdadeiros conhecimentos que a Torah transporta.
A palavra Óleo שמן traz a mesma raiz que Semita שמי, significando de certa forma algo que pode ser usado para dar a luz. Indiretamente a própria palavra sêmen e semente vem também daí.
O próprio cristianismo nos trouxe certos conhecimentos daquela época, pois devido à força do império romano, a maior parte da ética mundial, as nossas leis e costumes foram calcados na ética daquele pequeno povo da ásia menor que forjou a sua cultura e conhecimento .na era do bronze e do ferro. Isso só foi possível com o advento do cristianismo, vejam que o império romano foi a terra, o cristianismo o adubo, mas a semente foi a Torah e em última instância o nosso próprio criador.
Jesus foi verdadeiramente uma alma exaltada, não importando quem tenha sido o seu pai ou a sua mãe, que foram verdadeiramente abençoados, por terem posto no mundo tão exaltada criatura, que pavimentou a estrada para o conhecimento da Torah em nossos tempos. Discutiu em vários pontos que não são compreendidos pela maioria dos cristão (Evidentemente nem dos judeus) conhecimentos das dimensões internas da Torah e que só podem ser compreendidos nas profundezas de nossas almas e corações. Desta forma, alguns de seus discursos foram revelações ou interpretações de alguns pontos internos da Torah.
Vejam que quando Constantino criou a Igreja Católica, os estudos da Torah estavam proibidos e os profundos conhecimentos de seu interior totalmente esquecidos. Isso quer dizer que os conhecimentos da Bíblia Hebraica não foram incluídos na nova religião imperial de Roma, restando apenas a sua superfície e lado mais externo, pois os próprios cristãos de sua época não puderam participar de sua construção que passou a ser uma preocupação imperial, principalmente como já estamos começando a compreender hoje, o Cristianismo real dos seguidores de Jesus era gnóstico como demonstrado nos “Evangelhos de Thomas”, “Evangelhos de Maria Magdalena” e outros e o gnosticismo demonstrado pela própria palavra “Gnose”, (Conhecimento interior ), revela claramente, irrefutavelmente e sem sombra de dúvida, que o próprio cristianismo dos cristãos primitivos era dotado de uma dimensão interior. A luz da verdade está começando a iluminar estes fatos.
O Termo Gnóstico vem do grego gnosis que quer dizer conhecimento, mas não refere-se a um conhecimento comum, mas baseado em preceitos ou conceitos não verbais expressados pelo coração. É um conhecimento que é transcendente ao mundo objetivo, na realidade uma sabedoria interior, sentimentos mesclados com o conhecimento que jamais poderiam ser explicitados por palavras. É exatamente como a dimensão interna da Kabbalah, mas simplesmente com outro nome.
Na realidade Jesus, estudou com os Essênios que eram os dissidentes Saduceus do Alto sacerdócio do templo, que saíram após a guerra Macabéia e a ascensão do alto sacerdócio Fariseu da família Hasmoniana. Desta forma, Jesus era um grande conhecedor das dimensões internas da Torah. Vejam que logo após a morte de Jesus, no ano 70 o templo foi destruído, Yohanam bem Zakay, um Rabino do templo e discípulo da escola de Hilel, levou os escritos para a cidade de Yavneh e lá instituiu o conselho de Jânia, sendo que alguns poucos anos depois, lá apareceram os grande mestres da era Tanaica (Os Tanaim), como Rabbi Akiva, Rabbi Shimon Bar Yochay e outros que foram os grandes sábios da época, da Torah oral e das “Dimensões Internas da Torah”, desembocando no Talmud, Misnah, Midrash, as duas Mekilta, Zohar e outras.
É natural que tenha passado estes princípios para os seus discípulos, sendo que devido a ignorância da época e o total desconhecimento das dimensões internas da Torah e mesmo da Kabbalah (Que sequer tinha esse nome) que estavam proibidas, foram intituladas de “Gnósticas”. A própria kabbalah é de certa forma algo que revela o “Gnosticismo” da Torah e da bíblia hebraica em nosso interior.
A adoção dos quatro evangelhos, porque existem quatro anjos, quatro pontos cardeais, porque levitaram, deixam de ser argumentos para o controle do conhecimento que naquela ocasião interessava à Roma na criação de sua doutrina fast-food e sincrética, onde se misturaram o Cristianismo, Culto de Mitra, Culto de Isis, religião romana, religião esta, capaz de ser vestida no povo romano e ser digerida com facilidade por seguidores das diferentes tendencias religiosas da época. Isso foi verdadeiramente uma obra de gênio de marketing, pois principalmente um povo voltado a materialidade, às festas e a excessos como os romanos, não poderia perder tempo com religiões com interioridades ou princípios além de uma superficialidade elementar, de simbolismos simples e de fácil digestão, para se preocupar apenas durante os rituais ou ocasiões festivas. Estou falando do povo romano em geral.
A tão mencionada “Nova mensagem de cristo” é nada mais nada menos que uma pequena visão superficial e de relance dos profundos significados das dimensões internas da Torah, lembrem-se de que Jesus disse, como relatado nos escritos dos seus seguidores, “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir”, Mateus, 5:17. “Porque em verdade vos digo que até que o céu e a terra passem nem um i ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido, “ Mateus, 5:18.
“Qualquer pois que violar um destes mais pequenos mandamentos, e assim ensinarem aos homens, será chamado de menor no reino dos céus ; aquele, porém, que os cumprir e ensinarem, será chamado de grande no reino dos céus”, Mateus 5;19
jesus tinha muito claro o senso de imutabilidade das leis determinadas pela Torah.
Os conhecimentos mais profundos e interiores foram deixados de lado e mesmo proibidos para aqueles que trouxessem um simbolismo mais superficial, imediato e iconográfico, tais como o do vinho presentes no culto de mitra, da mulher segurando o seu filho como no culto de Isis que passou a simbolizar Maria carregando o Menino Jesus, o domingo como o dia de oferendas ao Deus Sol e a própria data do nascimento de Jesus que foi colocada no dia do Sole Invictus que é o dia do Solstício de inverno do hemisfério norte e dia do nascimento dos deuses Egípcios, gregos e romanos, dia muito apropriado ao nascimento de um “Deus” , pois neste dia toda a natureza renascia.
Neste particular podemos citar o caso do édito de Constantino I, imperador de Roma que foi instituído em 7 de março de 321 que dizia o seguinte:
"Que todos os juízes, e todos os habitantes da Cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atendam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer amiúde que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo céu."
Vejam que menciona o dia de domingo como sendo propício para a semeadura, pois seria o dia do Deus Sol e isso jamais poderia ser algo vindo do Cristianismo ou do Judaísmo. Isto quer dizer que originalmente o domingo como dia de descanso foi promulgado para a religião romana e só depois foi adotado pela “Nova Religião” de roma, não existindo nenhuma razão religiosa. Só política.
É verdadeiramente absurdo que se possa pensar de que um Deus uno e imutável como estabelecido pela bíblia, seria capaz de revogar as suas próprias leis de uma hora para outra. Porque Deus não revogou também outras leis como a da gravidade, a Relatividade e outras leis físicas e da natureza, dando lugar à outras condizentes com a nova religião. É simplesmente ingênuo e absurdo sequer pensar em tal possibilidade..
A própria trindade criada pela intelectualidade da época, para explicar uma “Divindade de Jesus”. Estes princípios não apareceram de uma só vez. Foram correntes de pensamento que vieram sendo forjadas ao longo de algum tempo. Existiam várias correntes de pensamento que conflitavam dentro da religião católica e depois de muito tempo foi estabelecido o princípio do trinitarianismo, sendo que este princípio confronta e está em pleno desacordo com a Torah onde está escrito: “Shemá Israel Havayah Eloquim Havayah Echad” e traduzindo ao pé da letra sem as “alterações adaptativas das bíblias atuais ”. Ouça Israel, Havaya é Deus. Havayah é um.” Vejam que sem sombra de dúvida, diz que Deus é um (Uno), Havayah Echad, “Deus é um “. e não “Deus é o senhor”, como escrito nas bíblias atuais. Echad (Lê-se Errad), em hebraico quer dizer “Um” ou “1”.
Não quero dizer que este ou aquele princípio seja certo ou errado, mas se uma religião adota um líder como se adotou Jesus e este diz que a Toráh é imutável e veio para cumpri-la, não se pode esquecer nada de seus princípios. Esta será a lei e qualquer outra coisa criada ou inventada posteriormente, deve ser posta de lado e esquecida, principalmente se estiver em desacordo com ela, por mais sedutor que o princípio possa parecer.
O tronco principal do cristianismo é sem sombra de dúvida a Igreja Católica Romana e as outras religiões protestantes saíram de seu corpo e são oriundas da reforma protestante. Muitas correntes de pensamento se estabeleceram depois disso, mas ficava muito difícil que após 1000 anos de história, interpretações, de decisões em concílios, proibições e etc, alguém pudesse separar o joio do trigo e revelar em seu âmago as ideias originais de Jesus, de seus seguidores imediatos e conhecimentos da própria Torah..
A história de judeus, católicos, budistas e outros, são antes de tudo uma história humana, com todos os seus vícios e virtudes, mas a verdade é que a instituição da igreja católica pelo império romano, com todos os seus erros e acertos, é algo que realmente deveria acontecer, pois a força do império a arremessou até os nossos tempos e trouxe em seu âmago, conhecimentos importantes da bíblia hebraica, divorciada de seu significado original interior ou gnóstico como dos primeiros cristãos, mas com a semente viva na alma de seus seguidores, esperando para ser germinada pela Torah oral que permitirá formar as dimensões internas do homem e o fazer atingir a espiritualidade para ingressar no sétimo milênio..
Como dito na Torah, “A vela de Deus é a alma do homem”. Na realidade o tremular de uma vela, de certa forma emula o desejo ardente que a alma tem de atingir as alturas e alcançar o seu criador e de certa forma é a própria imagem da fé que é nada mais nada menos o amor incondicional por Deus. Fé em hebraico é “אמונה” (Emunah) e tem a palavra אימא (Mãe) em seu interior, sendo de certa forma uma alusão de que o amor da verdadeira mãe é assim... Incondicional e a fé o emula.
Estamos atingindo o final do sexto milênio de acordo com a cronologia bíblica (Desde Adam HaRishon). Estamos em 5772 e faltam 228 anos para atingirmos o sétimo milênio ou em outras palavras, o Shabbat (Sábado em hebraico) ou sétimo dia da semana e sétima luz do candelabro de sete velas (A Menorah). Estamos no entardecer (Praticamente a uma hora antes do início da noite) e está chegada a hora da revelação da Torah, sendo por isso que foi liberado o ensino da Kabbalah para toda a humanidade. Começamos a ver Chineses, Arabes, Australianos, Japoneses, Indianos, Brasileiros, Europeus e todo o resto do mundo estudando Torah, Kabbalah e Chassidut, hoje milhões de pessoas estudando em istituições autênticas em Israel. É a luz que deverá ser acendida como dito na prece do início deste artigo. Na realidade é uma prece profética e devemos levar muito à sério, pois está sendo recitada por milênios na entrada do Shabbat semanal.
Shabbat é um dia de felicidade, sendo tomado um cálice de vinho na sua entrada e a leve embriagues decorrente, simboliza o estado elevado em que estarão as nossa mentes no shabbat, onde começará o “Ha olam Chavah” (o mundo que virá).
Isso não é algo “Místico” ou “Mágico”, mas algo real que será vivido por nós, mas uma coisa é certa, para termos todo o conhecimento que passaremos a ter nesta fase, precisamos ser o que é representado pelo Bar Mitzva (Sujeito a Lei) que é feito por um menino que atinge os 13 anos. Teremos que passar a ser “Responsáveis”. Desta forma muita coisa ainda precisa ser feita para que alcancemos este estado.
Veja que em Kabbalah o termo criador é algo que muda ao longo de nossas vidas, ou seja, o seu conceito depende de qual estágio do conhecimento estaremos na ocasião, e crescerá de acordo com as nossas vidas. Seu conceito passará por inúmeras mutações até que no final, desabrochará a verdadeira concepção deste ser maravilhoso. A palavra “Criador” em hebraico é בורא (Boré) que quer dizer, “Vem e veja”.