A presença de Deus no Tabernáculo, espargir o sangue no altar e queimar as gorduras seletas em oferenda de “Aroma suave ao Senhor”.
Para iniciar uma melhor abordagem dos princípios encontrados no interior da Bíblia Hebraica, precisaremos entrar em conhecimentos da Kabbalah, como relatado no Zohar e obras correlatas como o Pardes Rimonim (Pomar de Romãs) e o Etz haChaim (Árvore da Vida)..
Não devemos em hipótese nenhuma construir imagens físicas, pois este assunto é totalmente abstrato , não estando relacionado com formas, tempo e espaço.
Como vocês poderão notar a abordagem deste assunto é feito de diferentes formas, tentando criar um modelo interior (O radical) que englobe em uma ideia simples, todos os conceitos. . Não se preocupem se não entenderem completamente da primeira vez, mas é assim mesmo, levará muito tempo para que se forme o conceito real em nosso interior. Principalmente, precisaremos nos acostumar com a ideia. A repetição é tudo. Essa é a Mishnah. Uma de suas traduções é repetição..
Vamos começar com o peitoral do Cohen (Sacerdote do Templo). Ele possui 12 divisões, cada uma consagrada a uma tribo de Israel. A quinta divisão é a da Tribo de Issakar e a pedra que a decora é a safira que em hebraico é Sapir. Esta é a composição ordenada por Deus a Moisés e a Arão para que se fizesse o traje do sacerdote, conforme relatado na bíblia.
A pedra Safira é totalmente transparente não interferindo na luz que passa por ela, tem a raiz SPR a mesma de Sepher (ספר - Livro), Sopher ( סופר - Autor ou escritor), Sipur (Relato - סיפור ), Mispar ( מספר – Número). A palavra Sephira (ספירה – Enumeração ) Tem seu plural Sephirot. A própria palavra Sifra vem daí.
Neste contexto poderemos ver um livro como algo totalmente transparente, que ilumina a mente daquele que o lê. A iluminação viria diretamente do escritor, passando por suas páginas. No passado a palavra Sepher se referia aos livros sagrados que iluminam aqueles que os leem.
Podemos entender as Sephirots como canais transparentes ou condutos de luz dentro de nossas mentes. Na realidade formam filtros que recebem a luz que vem do alto.
Vamos discutir a Sephira mais alta ou Keter (A Coroa). É na realidade a Supra consciência. A consciência transcendente que está nos nossos subconscientes. Como o símbolo, não faz parte da nossa cabeça, na realidade uma alusão de que não está presente em nossas consciências objetivas.. Seu atributo externo é o Ratzon (רצון – Vontade, desejo ) e o interno é o Taanug (תענוג – Prazer). Na realidade o motor do Desejo é o prazer. e o desejo é a raiz de tudo. Como disse Baal HaSulam, “Não movemos um dedo mínimo sequer, se não tivermos o desejo de fazê-lo”..
O atributo mais elevado de Keter é a Fé, mas devemos entender o que é fé. Na realidade é o Amor incondicional a Deus. Fé em hebraico é Emuná (אמונה – Fé ), derivado da palavra Ima ( אם – Mãe ), na realidade a forma elevada do amor de uma mulher por seu filho, sendo totalmente incondicional. Ela se entrega totalmente a esse amor, sendo capaz de qualquer sacrifício por ele.
Na Torah, o lugar onde a presença de Deus se manifestava, era no tabernáculo,. Era neste lugar, no ponto mais profundo do ser, no meio do deserto, onde ia o ser, no lugar mais santo de todos, se encontrar com Deus. Era ali onde se fazia o sacrifício e o animal que estava sendo sacrificado, era ele mesmo. O sangue que deveria ser salpicado no altar, é Dam,, na realidade o símbolo de nossos desejos que devem se submeter à vontade suprema do todo, sendo também lá, que devemos queimar as gorduras seletas, “ Chelev” (Lê-se Relev) ou o nosso prazer (taanug) . Na realidade deveremos sacrificar-nos entregando no altar, a nossa vontade e nosso prazer e deverá ser de “Aroma agradável ao senhor”. Não entendam isso na forma literal, tentem sentir estas palavras em seus interiores. Lembrem-se do que diz o Zohar : “Abra levemente o teu coração para mim e eu revelarei o mundo a você”. Precisamos refinar os nossos sentimentos e imaginação, só assim, a Torah se transformará em uma partitura, que poderá ser lida na sua forma integral. Desta forma, se revelam as dimensões interiores da Torah.
A segunda Sephirah ´Chohmá, ou sabedoria. Ela é a primeira forma de uma ideia embrionária. É a “Eureka”, o “relâmpago” a luz momentânea, quando criamos algo e sentimos isso. É o momento da criação de algo, mas que não está compreendido. Quem trabalha em atividade criativa sabe muito bem do que estou falando, pois no momento da criação, dá-se verdadeiramente o relâmpago, acompanhado de uma grande satisfação.
A terceira Sephirah é Binah ou “Entendimento”. Ela recebe o “relâmpago” e o transforma em entendimento, sendo exatamente aí que na maioria das vezes ocorre o prazer. Agora eu já posso entender a ideia, mas ela não está inteiramente pronta. Binah entrega este fluxo de informação à quarta Sephirah ou Daat – “Conhecimento”. Agora a ideia está completa, formada, passando a ser um conhecimento. Da mesma forma que também quando temos uma intuição, mesmo uma revelação ou insight de um nível mais elevado, recebemos na forma de um relâmpago ou flash de luz que mais tarde é transferido para Daat através de Binah.
Estas três sephirots são conhecidas como sephirots superiores ou “intelectuais”. Não vamos nos deter em análises mais profundas e esperar que o tempo passe e possamos apresentar outros elementos dimensionais para poder expandir a sua compreensão, mas lembrem-se que não podemos fazer imagens.
Existem ainda seis Sephirots adicionais que são conhecidas como “Emocionais” e formam o que se chama de Zeir Ampim (Pequena face) e uma sétima que se chama Malkut ou “Reino”. Discutiremos isso no próximo ensaio, sendo que as seis Sephirots emocionais são na realidade os seis irmãos mais velhos do Rei David (O Rei arquetípico) e também são conhecidas em outra dimensão como os 6 Reis Cananitas que deverão ser vencidos pelos Israelitas nas batalhas de Josué.(Yeshua ou Deus Salva)..Este é o objetivo de nossas vidas, o de reformar e atingir o Gmar Tikun (Correção final) atinjindo o reino de Israel e depois Salém ou Yrushalaim - Jerusalém (A plenitude de nossas almas). .
É muito importante que entendamos que todos os sacrífícios mencionados na bíblia estão na forma de parábolas. Jamais poderiamos supor que aquele (Ou aquilo) que chamamos Deus, o criador de nosso universo e de tantas maravilhas, demonstradas em todas as suas leis. Um ser tão elevado e mesmo completamente incompreensível para nos, estaria envolvido com matanças de animais inocentes, simplesmente para cheirar o aroma de suas gorduras ou de suas carnes. Seria algo muito primitivo.Acredito que em determinado momento da história isso possa realmente ter sido feito. Talvez o papel principal deste ato, teria sido o de imprimir na mente das pessoas de então estes significados. A verdade é que se passou mais de um milênio e os Israelitas perderam a sua condição de "eleitos" com a queda do primeiro templo..Este é o Goluth (Diáspora) e vamos no início do Shabat começar a Gueulah (Redençã), quando as luzes serão acesas para toda a humanidade. . Esta é simbólicamente a era do Mashiach (Messias) e já estamos nela ! (Isso também guarda um profundosignificado interior).