A Ciência por trás da Bíblia
Durante séculos estamos afastados do real significado do caminho da Torah. Isso nos foi proibido e só poucos puderam contemplar o seu conteúdo com o único objetivo de preservá-lo, pôr mais luz e trazê-lo para os nossos dias.
Esta fase é conhecida em hebraico como golú ou Goluth גולה (Diáspora) que começou na época da queda do segundo templo, quando os romanos proibiram os judeus de estudar Torah.
A Torah é na realidade dividida em duas partes; a Torah escrita e a Torah oral, sendo esta última passada da boca do mestre para o ouvido do discípulo. Este termo "oral" é controverso, mas podemos ver que o seu significado além dos já apresentados em dicionários e coisas parecidas, em hebraico guarda o seu real significado como Or (Luz) e Al (Deus) sendo os dois juntos luz do alto ou Luz de Deus. É um significado bastante apropriado, pois a regra é a de estudarmos a Torah escrita com afinco, guardando o seu ambiente e em um breve instante recebemos do mestre a Toráh oral que é a semente, "O que faltava" para unir os diversos "elementos". evidentemente é uma luz que vem de cima !
Durante séculos este foi o procedimento para se alcançar as diversas dimensões internas da Torah e era passado de geração em gração como uma recepção da próxima geração, dos conhecimentos internos da Torah recebidos da geração anterior.
Apesar de um de seus termos ou significados estar na própria bíblia nas instruções para a construção do tabernáculo do deserto משכן (Mishkan) no seu significado de comparação entre dois planos, a palavra "Recepção" só foi adotada na idade média para significar os conhecimentos que eram recebidos por uma geração da geração anterior.
Esta palavra "Recepção" foi derivada do verbo "Receber no infinitivo לקבל lekabel, sendo recepção קבלה ou Kabbalah. Esta palavra também quer dizer "Recibo", algo que se recebe quando se compra alguma coisa como prova da compra. Em Israel se comprarem alguma coisa vão receber um Kabbalah como prova de pagamento.
Um outro significado para a palavra Kabbalah é a de paralelos מקביל ou קביל "Aceitável". Neste sentido podemos também entender a palavra Kabbalah como classificar para fazer paralelos, ou seja fazer analogias entre diversas coisas ou comportamentos. Tais comportamentos podem ser de coisas físicas mentais, espirituais ou coisas parecidas. Não se entenda de "espirituais" como algo relativo ao mundo dos espíritos cujo termo é diferente do que estamos analisando no presente contexto.
O estudo da Kabbalah jamais foi revelado. Nunca se escreveu um livro popular que contivesse seus ensinamentos e uma série de coisas foram atribuídas a ela; Magia, Bruxaria, Magia negra, adivinhações, Tarot e dezenas de outras coisas abomináveis relacionadas. Por isso na idade média e até bem pouco tempo atrás a igreja proibia o seu estudo. O que era inócuo, pois na realidade não havia onde estudá-la. A não ser em livros escritos por pessoas que haviam ouvido falar, e a partir daí escreviam livros, usando as letras hebraicas para adivinhaçoes e em obras alquímicas que não tinha qualquer relação com a verdadeira Kabbalah.
Kabbalah é uma ciência que estuda os mundos, conforme relatado pelos sábios da antiguidade. É um estudo profundo a respeito das leis da natureza e suas manifestações. Estuda a mente humana e suas implicações com esferas mais altas da mente subconsciente e além, indo a níveis muito altos. Estuda o relacionamento destas dimensões de nossas mentes com as realidades que existem em suas diversas camadas e realidades que ela chama de "mundos", sendo estas dimensões completamente desconheidas de nossa percepção, pois possuem elementos relacionados com a propria natureza da mente e não podem ser descritos por nossa linguagem ou pensamentos objetivos. São estruturas muito mais complexas que o nosso mundo físico, sendo na realidade as dimensóes fundamentais de nossa existência.
Estas diversas camadas da mente ao penetrarmos além do subconsciente, são invisíveis entre sí e apresentam realidades que não podem ser observadas por nossas mentes objetivas, por isso a palavra Olam "mundo" vem da mesma raiz de Helem em hebraico que significa "Oculto". Daí foi derivado o princípio de ciência "Oculta", não que possuisse alguma magia ou coisa parecida, mas que era completamente imcompreensível aos nossos sentidos físicos e desta forma "Ocultas" a nós. Daí em diante, o termo foi imcompreendido e associado a coisas "Misteriosas" e "Mágicas", na realidade uma degeneração de seu significado original. Veja que a palavra Helem vem do Aramaico sendo encontrada em várias linguas semíticas, sendo antiquíssima e não "inventada" para este propósito.
Para alcançar estas dimensões, precisamos gradualmente nos acostumar com elas, gerando programas internos, que na verdade são sensores ou perceptores destas outras realidades mais altas e com maior número de dimensões e de sentimentos.`São mundos completamente sensoriais e emocionais que nada tem a haver com tempo e espaço, imágens físicas ou formas.
A geração de tais programas é feita com a formação das estruturas sensoriais e emocionais que são consequencia direta do caminho da Torah e não entenda-se aquí que caminho da Torah, signifique ler simplesmente um livro, mas é seguir e viver as suas instruções, e de outras obras sagradas, manter um estado emocional e comportamental adequados em relação a sí mesmo e a todos os outros seres. Veja que a nossa mente é o campo de batalha destas atividades e a emoção o sentimento e um objetivo perfeitamente definido é o principal vetor para a consecução do objetivo final. A este vetor se dá o nome de Kavanah (Intenção) derivada da raiz de Kivun (Direção). Existem outros caminhos, mas são mais difíceis de se trilhar. Muitas pessoas em diferentes partes do mundo atingiram estes estados sem serem "Kabbalistas", porém, sabendo-se exatamente como proceder, fica muito mais fácil alcançar os seus objetivos. É um caminho direto.
Temos que ter em mente que na realidade existe uma estrutura fundamental do universo, onde diversas forças estão em ação. Várias dimensões se alinham de forma a criar todas as estruturas, seja em nosso universo observável ou além dele, em fases que sequer podemos entender as suas naturezas. A própria física relativistica e a física quântica consegue antever estas dimensões que muitas vezes só podem ser expressadas de uma forma matemática e completamente sem imágem em nosso mundo quadridimensional.
As religiões, misticismos, ciências, são meramente visões locais, meras hipóteses, algumas de certa forma mais precisas que outras mas todas muito distantes da verdadeira realidade, pois verdadeiramente o todo é inefável para nós, mesmo o universo em que vivemos e nós mesmo somos mistérios que não podemos devendar. Somente uma busca interior nos fará ir em direção do objetivo real, pois precisamos construir estruturas de inteligência e pensamento, fruto de desenvolvimento de nossa imaginação para que possamos penetrar nos mais profundos mistérios da natureza. A verdadeira ciência só será alcançada desta forma. A Torah é o exercício necessários a este desenvolvimento.
Torah quer dizer instrução. Na realidade é um manual de usuário. Manual de que ? De você ! , de sua mente ! A Torah, na realidade, é um tratado de psicologia. Na realidade, só fala da nossa mente, sendo a sua ciência.
Mas Torah não é meramente um livro, é muito mais que isso, na realidade é toda uma estrutura de leis, pensamentos e ferramentas que liberará "conectores" que nos ligarão a uma rede "inteligente" muito mais ampla, em dimensões que hoje ainda não podemos alcançar. Só os níveis mais profundos da Torah, subindo as montanhas muito mais altas e atingindo cumes muito mais elevandos é que nos permitirão chegar lá..
Hoje na teoria da informação, sabemos que em todas as formas de conexão de computadores, tudo é transferido na forma de software e nas diversas camadas internas de um computador, tudo é feito por "Inteligência" ou software e um bit fora do lugar impede a conexão entre as suas diversas partes. Nossos pensamentos e toda a estrutura do universo é muito mais sofisticada e fundamental que os meios computacionais e precisam também de forças emocionais de direção e de intenção e evidentemente, tudo tem que estar em seu devido lugar para que nos conectemos à estruturas mais fundamentais. Precisamos corrigir aquilo que foi quebrado no momento que "Mordemos o fruto proibido da "Árvore da ciência do bem e do mal" no paraíso. Esta alegoria ou parábola, cai muito bem neste contexto. Se pensarem bem, vão iniciar o caminho que os permitirá no futuro vislumbrar a verdade por trás da fábula, mas isso vamos deixar para o futuro, pois é exatamente para consertar isso é que devemos ir em frente.
O Zohar, um livro escrito no Século II pelo famoso Talmudista Rabbi Shimon Bar Yochai, diz em seu início " Abra levemente o seu coração para mim e eu revelarei o mundo a você".
*Nota:
Os conceitos de Ego, do mar como subconsciente, libido e outros atributos e imagens de nossas mentes, foram usados por Sigmund Freud para exemplificar alguns elementos dos seus estudos de psicologia. Psicologia em hebraico é "Torat HaNefesh" (Lógica da alma).